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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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contexto original do texto e o momento de sua <strong>recepção</strong>. Segundo José Manuel<br />

Morgado Heleno:<br />

Se a – distanciação - era inevitável para Ga<strong>da</strong>mer – pois histórica e<br />

culturalmente os textos estão – alienados -, Ricouer acentua a<br />

necessi<strong>da</strong>de de ultrapassar a alternativa entre – distanciação – e –<br />

participação, ao propor uma noção – produtiva – de distanciação<br />

(cf.pp.323-324). Escreve Madison a propósito desta questão: - A<br />

distanciação é produtiva nisso que, ao “alienar” o texto de seu<br />

contexto original, confere ao texto uma espécie de – “autonomia”,<br />

libertando-o desse modo para aquilo que é efetivamente a sua<br />

ver<strong>da</strong>deira vocação, nomea<strong>da</strong>mente, o facto de ser “reactualizado”<br />

<strong>em</strong> novos contextos (tornando-o deste modo um texto<br />

“genuinamente” vivo). Ora, é está – reactualização que Ricouer<br />

chama de – apropriação –(Aneignung) <strong>em</strong> vez de – aplicação –<br />

(Anwendung). (HELENO, 2001, p.384-385)<br />

Essa discordância se deve, <strong>em</strong> parte, ao fato de Ricouer, a despeito <strong>da</strong><br />

linguag<strong>em</strong>-diálogo ga<strong>da</strong>meriana, cultivar os debates <strong>da</strong> S<strong>em</strong>iótica e <strong>da</strong> S<strong>em</strong>ântica<br />

no que diz respeito à abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> <strong>hermenêutica</strong> do texto. Além disso, soma-se a tal<br />

divergência, a concepção de alteri<strong>da</strong>de nutri<strong>da</strong> por esse filósofo, niti<strong>da</strong>mente,<br />

basea<strong>da</strong> no self (Si) o que o levou a definir a “apropriação” como a captação <strong>da</strong>quilo<br />

que nos é estranho, isto é, <strong>da</strong>s obras <strong>da</strong> cultura como nossas. Para o filósofo, a<br />

busca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>deira consciência só pode ser alcança<strong>da</strong> quando abraçamos a<br />

singulari<strong>da</strong>de do outro como a nossa. Isto não significa dizer que o leitor-intérprete<br />

<strong>em</strong> sua exegese-<strong>recepção</strong> dos símbolos a faça num retiro de acomo<strong>da</strong>ção e paz,<br />

pois como l<strong>em</strong>bra Mounier: “O mundo dos outros não é um jardim de delícias. É uma<br />

provocação permanente à luta, à a<strong>da</strong>ptação e à superação.” (2007, p.37). Assim<br />

sendo, quando abraçamos, por ex<strong>em</strong>plo, a “singulari<strong>da</strong>de” de João Cabral de Melo<br />

Neto, Guimarães Rosa ou Fernando Pessoa, estamos travando um compromisso<br />

com a poeisis de nossa consciência, ou seja, cultivando o nosso “Si”. De acordo com<br />

Ricouer (1991), <strong>em</strong> O si-mesmo como um outro, a alteri<strong>da</strong>de é uma dimensão<br />

constitutiva <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de, já que ampliamos nossa alteri<strong>da</strong>de quando nos<br />

colocamos no lugar de outr<strong>em</strong>, assim como por nos transformar devido às nossas<br />

experiências com o outro.<br />

É importante frisar que, para Paul Ricouer, <strong>em</strong> estudos posteriores a O<br />

Conflito <strong>da</strong>s Interpretações, as próprias narrativas configuram (representam) o “Si”,<br />

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