a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur
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há duas “posições” para o leitor, diante do texto: <strong>em</strong> uma, com<br />
conceitos derivados de Wolfgang Iser, t<strong>em</strong>-se o leitor implícito,<br />
percebido como el<strong>em</strong>ento articulado às estruturas objetivas do texto;<br />
<strong>em</strong> outra, t<strong>em</strong>-se o leitor explícito, indivíduo sócio-histórico que<br />
absorve uma criação artística com as suas quali<strong>da</strong>des e defeitos.<br />
Assim, esse indivíduo-leitor se torna responsável pela <strong>recepção</strong><br />
propriamente dita <strong>da</strong> obra e suas características ético-estéticas.<br />
(TINOCO, 2010, p.14)<br />
Com a noção de leitor explícito, esse teórico transforma os leitores <strong>em</strong><br />
intermediários entre o mundo <strong>da</strong> obra e o <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. É essa categoria de leitor, cria<strong>da</strong><br />
pelo mentor <strong>da</strong> Estética <strong>da</strong> Recepção, que é a responsável por impregnar as<br />
leituras, historicamente concretiza<strong>da</strong>s de valores estéticos, de expectativas, de<br />
normas e códigos literárias e, acima de tudo, de dil<strong>em</strong>as éticos que determina<strong>da</strong>s<br />
obras provocam nas socie<strong>da</strong>des.<br />
Por isso, Jauss deposita na reação dos leitores “explícitos” e no sist<strong>em</strong>a<br />
literário a fonte de pesquisa do analista <strong>da</strong> Teoria <strong>da</strong> Recepção, que não deve se<br />
pautar na subjetivi<strong>da</strong>de dos leitores. Segundo Zilberman nos trabalhos desse<br />
teórico:<br />
Historici<strong>da</strong>de coincide com atualização, e esta aponta para o<br />
indivíduo capaz de efetivá-la: o leitor. Jauss altera o foco a partir<br />
do qual se analisam os fenômenos literários; mas, ao mesmo<br />
t<strong>em</strong>po, vê-se perante um conceito de leitor que arrisca defini-lo<br />
enquanto subjetivi<strong>da</strong>de variável, dependente de suas experiências<br />
pessoais. O perigo é des<strong>em</strong>bocar no impressionismo, mas o autor<br />
o evita (...). Examinando a experiência literária do leitor, Jauss<br />
adverte que para descrevê-la, não é necessário recorrer à<br />
psicologia. Sua análise volta-se à <strong>recepção</strong> e efeito de uma obra<br />
no sist<strong>em</strong>a objetivo de expectativas, que para ca<strong>da</strong> obra, no<br />
momento histórico de seu aparecimento, no decorrer <strong>da</strong><br />
compreensão prévia do gênero, <strong>da</strong> forma e <strong>da</strong> t<strong>em</strong>ática de obras<br />
anteriormente conheci<strong>da</strong>s e <strong>da</strong> oposição entre linguag<strong>em</strong> poética<br />
e linguag<strong>em</strong> prática. (ZILBERMAN, 1989, p.33-34).<br />
Nesse sentido, a análise de experiência estética do leitor que abarca o mundo<br />
<strong>da</strong> experiência só pode ser resgata<strong>da</strong>, historicamente, num sist<strong>em</strong>a de referência<br />
objetivo de códigos literários, já que o modelo de leitor dessa <strong>teoria</strong> corresponde a<br />
um sujeito de pré-compreensão, no qual estão introjetados normas e valores<br />
estéticos que o habilitam a responder aos apelos <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça do sist<strong>em</strong>a literário.<br />
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