12.04.2013 Views

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>hermenêutica</strong> bíblica à orientação existencial do hom<strong>em</strong> para o futuro. Desse modo,<br />

Ricouer, para elevar o símbolo ao status de probl<strong>em</strong>a filosófico, recorreu às<br />

justificativas <strong>da</strong> desmitologização, para torná-los, por meio <strong>da</strong>s obras <strong>da</strong> cultura,<br />

uma região de “a-pelação” privilegia<strong>da</strong> para que o hom<strong>em</strong> que tenha um<br />

compromisso consigo mesmo. Segundo Franco:<br />

Para trazer o símbolo ao status de filosofia, Ricouer propõe um<br />

ver<strong>da</strong>deiro trabalho de desmitologização <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> simbólica. Ele<br />

quer extirpar do símbolo tudo aquilo que é inevitável à mentali<strong>da</strong>de<br />

moderna, mas quer ao mesmo t<strong>em</strong>po recolher to<strong>da</strong> a sua força<br />

reveladora. Propõe, então, uma circulação entre o material que o<br />

símbolo oferece ao pensamento humano e a crítica que recebe e<br />

decifra este material. Uma circulação algo pareci<strong>da</strong> com a circulação<br />

proposta pela teologia medieval: “É preciso crer para compreender e<br />

compreender para crer”. O que Ricouer está propondo é <strong>da</strong>r crédito<br />

ao símbolo (crer), para que todo seu potencial realize. Dar crédito<br />

não ingenuamente, porque o que propõe é fazer passar o símbolo<br />

pelo crivo <strong>da</strong> critica. (compreender). (FRANCO, 1995, p.99)<br />

O filósofo Paul Ricouer elege como protótipo para reflexão, dentre outros<br />

símbolos autênticos, aqueles que dão o que pensar e por isso merec<strong>em</strong> a “crítica do<br />

compreender”: as obras gregas Édipo Rei e Édipo <strong>em</strong> Colono, de Sófocles. Ele vê,<br />

na exegese-<strong>recepção</strong> dessas duas obras, um caminho possível para o hom<strong>em</strong><br />

conquistar a sua Bildung. Segundo ele, se por um lado pod<strong>em</strong>os explicar, através <strong>da</strong><br />

ontologia <strong>hermenêutica</strong> <strong>da</strong> Psicanálise, os jogos de máscaras inerentes aos dramas<br />

de Édipo, isto é, a orig<strong>em</strong> libidinal do incesto e parricídio cometido por ele, por outro<br />

pod<strong>em</strong>os realizar um movimento de prospecção, na qual assistiríamos ao adultecer<br />

<strong>da</strong> consciência <strong>da</strong> personag<strong>em</strong> <strong>em</strong> Colono. Nessa perspectiva, poderíamos “assistir”<br />

a transformação do primeiro Édipo impulsivo, vaidoso e presunçoso num segundo<br />

hom<strong>em</strong>, <strong>em</strong> Colono, enrobustecido eticamente. Segundo Ricouer, no segundo<br />

momento <strong>da</strong> tragédia, assistimos à tragédia <strong>da</strong> “consciência de si” <strong>da</strong> personag<strong>em</strong>,<br />

que nos levaria a apreender os dil<strong>em</strong>as éticos <strong>da</strong> personag<strong>em</strong> Édipo. 25 Veríamos aí<br />

25<br />

Segundo Paul Ricouer, <strong>em</strong> Percurso de Reconhecimento: Se há uma coisa que é d<strong>em</strong>onstra<strong>da</strong> por<br />

Édipo <strong>em</strong> Colono é que o personag<strong>em</strong> trágico, por mais abatido que esteja pelo sentimento do<br />

caráter irresistível <strong>da</strong>s forças sobrenaturais que governam os destinos humanos, continua a ser o<br />

autor dessa ação íntima que consiste <strong>em</strong> avaliar seus próprios atos, singularmente na condição de<br />

retrospecção. Embora a infelici<strong>da</strong>de seja a nota dominante <strong>da</strong> tragédia de Édipo <strong>em</strong> Colono, a ponto<br />

71

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!