12.04.2013 Views

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Além disso, é importante notar que o próprio termo Dasein já nos r<strong>em</strong>ete à<br />

noção de dinâmica do Ser, pois o termo al<strong>em</strong>ão “Sein”, segundo o dicionário<br />

Langenscheidt (2001), significa ao mesmo t<strong>em</strong>po “ser” e “estar”, o que confere ao<br />

Dasein uma relação orgânica com a t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de, pois no Ser o Dasein está <strong>em</strong><br />

jogo na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que ele compreende. L<strong>em</strong>bra-nos Marilena Chauí que <strong>em</strong><br />

Heidegger:<br />

O t<strong>em</strong>po é produção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> diferença consigo mesmo e,<br />

nesse sentido, é uma dimensão de meu ser (não estou no t<strong>em</strong>po,<br />

mas sou t<strong>em</strong>poral) e uma dimensão de todos os entes (não estão no<br />

t<strong>em</strong>po, mas são t<strong>em</strong>porais). O t<strong>em</strong>po não é um receptáculo de<br />

instantes, não é uma linha de momentos sucessivos, não é a<br />

distância entre um “agora”, uma “antes” e um “depois”, mas é o<br />

movimento interno dos entes que reuniram-se consigo mesmo (o<br />

presente como centro que busca o passado e o futuro) e para se<br />

diferenciar<strong>em</strong> de si mesmos (o presente como diferença qualitativa<br />

<strong>em</strong> face do passado e do futuro). O Ser é T<strong>em</strong>po. (CHAUÍ, 1996, p.<br />

244)<br />

Desse modo, Heidegger, a partir <strong>da</strong>s reflexões sobre a t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de impõe à<br />

cultura <strong>hermenêutica</strong> a consciência de que não existe compreensão que não seja<br />

situa<strong>da</strong>, t<strong>em</strong>poralmente, e especialmente, sendo, especificamente, esse primeiro um<br />

fun<strong>da</strong>mento ontológico <strong>da</strong> existência. Essas noções de t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de e de Ser<br />

postas por Heidegger revitalizaram os debates hermenêuticos e a Teoria <strong>da</strong><br />

Literatura do século XX. A concepção de que a coisa <strong>em</strong> si mesma não t<strong>em</strong> uma<br />

essência e que o seu ser é t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de, redirecionou os estudos hermenêuticos<br />

no século XX, pois se a antiga Hermenêutica objetivava alcançar o que estava oculto<br />

por “de trás” do texto e dos símbolos, o autor de Ser e T<strong>em</strong>po propunha um<br />

desvelamento <strong>da</strong> “h<strong>em</strong>orragia” do Ser, fruto de sua t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de.<br />

Além disso, Heidegger também põe o seguinte probl<strong>em</strong>a: como o Dasein <strong>em</strong><br />

seu ser-no-mundo, que supõe um fundo t<strong>em</strong>poral-espacial, desvela o Ser dos entes<br />

(coisas), inclusive o seu próprio? Para responder a tal questão, o filósofo<br />

desenvolve uma <strong>da</strong>s noções mais fun<strong>da</strong>mentais de sua filosofia, a reflexão <strong>em</strong> torno<br />

<strong>da</strong> existência inautêntica e autêntica. Segundo a <strong>teoria</strong> de Heidegger, a vi<strong>da</strong><br />

cotidiana, pública, impessoal e funcional levou o hom<strong>em</strong> a ocupar-se com os entes,<br />

e esquecer-se de seu ser mais próprio. Entretanto, à medi<strong>da</strong> que o hom<strong>em</strong> cotidiano<br />

29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!