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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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Como se percebe, a partir desse argumento estético, a desfamiliarização e<br />

desautomatização <strong>da</strong> percepção estão presentes no discurso de Heidegger. Este<br />

fato que levou Terry Eagleton, no livro Teoria <strong>da</strong> Literatura, a aproximar o<br />

pensamento de Heidegger às idéias do Formalismo Russo. To<strong>da</strong>via, não dev<strong>em</strong>os<br />

esquecer que a tônica do autor de A Orig<strong>em</strong> <strong>da</strong> Obra de Arte não é unicamente a<br />

questão <strong>da</strong> percepção, mas a manifestação do Ser na linguag<strong>em</strong> <strong>da</strong> obra, ou seja,<br />

uma preocupação ontológica. Essa preocupação ontológica de Heidegger, que<br />

acontece quando o hom<strong>em</strong> se abre para autentici<strong>da</strong>de do Ser manifesta<strong>da</strong> na obra<br />

de arte, <strong>em</strong> termos de <strong>recepção</strong> literária, abriu caminhos para se pensar a relação<br />

entre literatura e <strong>em</strong>ancipação existencial do leitor.<br />

Desde a sua primeira fase, Heidegger se ocupa com a compreensão<br />

existencial, por isso a questão <strong>da</strong> abertura à autentici<strong>da</strong>de do Ser, por ex<strong>em</strong>plo, foi<br />

uma constante no pensamento heideggeriano, chegando esse a influenciar,<br />

inclusive, a Teologia de Bultmann, que via nas escrituras do Novo Testamento o seu<br />

significado original e salvífico, como l<strong>em</strong>bra Palmer (1969). Nesse sentido, a crença<br />

de Heidegger numa existência está relaciona<strong>da</strong> a uma apelação ou interpelação do<br />

chamado do Ser que se oculta e que, raramente, <strong>em</strong>erge. No que se refere,<br />

especificamente, à obra de arte, na <strong>teoria</strong> de Heidegger, segundo Palmer:<br />

Quando a obra de arte é considera<strong>da</strong>, não como uma objectivação<br />

<strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de humana, mas como uma revelação do ser, ou como<br />

uma janela para o domínio do sagrado, então o encontro que com ela<br />

t<strong>em</strong>os é como receber uma dádiva, não mais é o acto de um sujeito<br />

que capta a sua subjetivi<strong>da</strong>de.(PALMER, 1969. p.152)<br />

Heidegger, portanto, retira <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de o poder de manifestar o ser, para<br />

delegá-lo à historici<strong>da</strong>de, isto é, àquilo que surge e acontece no t<strong>em</strong>po. Segundo<br />

Benedito Nunes (2007), para Heidegger, apesar de perd<strong>em</strong>os “a t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

arte e a sua existência efetiva”, é possível recuperarmos as “experiências históricas”<br />

que ela assinala, devido ao fato de a própria obra possuir uma fala que comunica<br />

através do diálogo.<br />

Nesse sentido, Heidegger se afasta <strong>da</strong> noção de linguag<strong>em</strong>-estrutura tão<br />

presente nas Investigações Lógicas, de Husserl, para <strong>em</strong> seu lugar instaurar a<br />

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