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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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Portanto, essa reação, ou sintoma primário <strong>da</strong> “interpretação”, deve ser levado <strong>em</strong><br />

consideração, incondicionalmente, pelo analista <strong>da</strong> Teoria <strong>da</strong> Recepção.<br />

Por outro lado, por conta <strong>da</strong> inclinação para a reflexão estética, Jauss teve<br />

que romper com alguns pressupostos <strong>da</strong> Nova Hermenêutica. Como já vimos, tanto<br />

Heidegger quanto Ga<strong>da</strong>mer <strong>em</strong>preenderam uma crítica severa à especulação do<br />

discurso estético, já que ambos defendiam que a ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong> arte se manifestava <strong>em</strong><br />

nossa experiência direta com ela. Embora a <strong>teoria</strong> de Jauss se insira na “vira<strong>da</strong>”<br />

<strong>hermenêutica</strong> inicia<strong>da</strong> por Heidegger, no que se refere à mun<strong>da</strong>lização <strong>da</strong><br />

compreensão e à concepção de seu leitor na práxis <strong>da</strong> leitura, ele, à revelia <strong>da</strong>s<br />

orientações heideggerianas e ga<strong>da</strong>merianas, imbricou as sugestões <strong>da</strong> Nova<br />

Hermenêutica à discussão estética de Aristóteles e Kant e aos estudos do<br />

Formalismo Russo. Desse modo, não é por acaso, que as investigações de Hans<br />

Robert Jauss começam pela experiência estética. Segundo ele:<br />

A diferença fenomenológica entre compreensão e discernimento,<br />

entre a experiência primária e o ato <strong>da</strong> reflexão, com que a<br />

consciência se volta para a significação e para a constituição de sua<br />

experiência, retorna, pela <strong>recepção</strong> dos textos e os objetos dos<br />

textos e dos objetos estéticos, como diferenciação entre o ato de<br />

<strong>recepção</strong> dos textos e dos objetos estéticos, como diferenciação<br />

entre o ato de <strong>recepção</strong> e o de interpretação do significado de uma<br />

obra; menos ain<strong>da</strong>, pela reconstrução <strong>da</strong> intenção de seu autor. A<br />

experiência primária de uma obra de arte realiza-se na sintonia com<br />

(Einstellung auf) seu efeito estético, isto é, na compreensão fruidora<br />

e na fruição compreensiva. Uma interpretação que ignorasse esta<br />

experiência estética primeira seria própria <strong>da</strong> presunção do filólogo<br />

que cultivasse o engano de supor que o texto fora feito, não para o<br />

leitor, mas sim, especialmente, para ser interpretado. (JAUSS, 2002,<br />

p.69).<br />

Esse teórico al<strong>em</strong>ão, de certo modo, ao propor essa plataforma de estudos<br />

volta<strong>da</strong> para a compreensão e o prazer, estava colocando <strong>em</strong> xeque a tradição <strong>da</strong><br />

filologia al<strong>em</strong>ã e o ensino de literatura na Al<strong>em</strong>anha. Jauss, ao reabilitar as<br />

categorias aristotélicas de katharsis (comunicação artística), asthesis (prazer<br />

estético <strong>da</strong> percepção); a noção de juízo estético kantiano, assim como o conceito<br />

de desfamiliarização e desautomatização do Formalismo russo, fomentou as<br />

reflexões, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre harmoniosas, <strong>em</strong> torno do ato receptivo. A <strong>em</strong>ersão dessas<br />

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