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a nova hermenêutica e teoria da recepção em jauss e ricoeur

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To<strong>da</strong>via, essa conversão <strong>da</strong> Fenomenolgia para a literatura não foi uma mera<br />

duplicação de um campo de saber para outro, mas resultou de uma apropriação<br />

muito particular do pensamento de Husserl por Ingarden.<br />

Essa dissidência pode ser explica<strong>da</strong>, primeiramente, pelo fato de Ingarden ter<br />

sido um entusiasta dos primeiros trabalhos de Husserl, isto é, de As investigações<br />

Lógicas (1901), período no qual o filósofo al<strong>em</strong>ão era ain<strong>da</strong> um logicista. Nessa fase<br />

de sua filosofia, Husserl defendeu, energicamente, a concepção de que <strong>da</strong><br />

consciência humana era determina<strong>da</strong> pelos objetos ditos reais, ou seja, reali<strong>da</strong>des<br />

de “carne e osso” presentes na consciência. Entretanto, Roman Ingarden, discípulo<br />

de Husserl <strong>em</strong> Freiburg e Götting, na Al<strong>em</strong>anha, a princípio entusiasmado pelo rigor<br />

de seu mestre, rompeu com alguns de seus pressupostos, decepcionado com a<br />

radicali<strong>da</strong>de com que ele se dirigia rumo a uma consciência transcendental.<br />

Segundo Paul Ricoeur:<br />

As Mediações Cartesianas são a expressão mais radical deste novo<br />

idealismo para qu<strong>em</strong> o mundo não é somente “para mim”, mas<br />

recebe “de mim” to<strong>da</strong> a sua vali<strong>da</strong>de ontológica. O mundo se torna<br />

“um mundo-percebido-na-vi<strong>da</strong>-reflexiva”(...) Husserl esboça na IV<br />

Meditação a passag<strong>em</strong> de uma fenomenologia “volta<strong>da</strong> para o<br />

objeto” a uma fenomenologia “volta<strong>da</strong> para o ego”, onde “o ego se<br />

constitui continuamente a si mesmo como existente”: o cogitatum é<br />

compreendido no cogito, e este no ego que vive “através de” seus<br />

pensamentos. A fenomenologia é o desdobramento do ego, <strong>da</strong>li <strong>em</strong><br />

diante denominado môna<strong>da</strong> à maneira leibniziana. Ela é a “exegese<br />

de si mesmo (Selbstauslegung). (RICOUER, 2009, p.14)<br />

O autor de A Obra de Arte Literária rejeitou não só a doutrina do<br />

transcendentalismo de seu mestre como deu configurações bastantes particulares à<br />

sua ontologia <strong>da</strong> obra de arte literária. S<strong>em</strong> deixar de considerar o papel <strong>da</strong><br />

consciência na constituição do objeto, Ingarden dotou a obra de arte de uma<br />

autonomia ontológica independente <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> consciência, fato que levou<br />

alguns de seus comentadores a defender a tese de que ele havia optado por um<br />

realismo filosófico. Paralelamente a essas rupturas teóricas, Roman Ingarden lançou<br />

mão de conceitos fun<strong>da</strong>mentais presentes <strong>em</strong> As Investigações Lógicas.<br />

L<strong>em</strong>br<strong>em</strong>os, por ex<strong>em</strong>plo, que Husserl desenvolveu uma reflexão <strong>em</strong> torno <strong>da</strong><br />

relação entre a intenção de significação e o preenchimento de significação, <strong>em</strong> que<br />

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