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Joao-Barone-1942

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dos cadetes da Aeronáutica. Daí em diante, ninguém mais voltou à escola para exibir filmes de<br />

ideologia nazista.<br />

O treinamento visava reproduzir situações de combate que se tornaram rotina no<br />

preparo de qualquer exército, como transposição de campos minados, progressão<br />

em campo sob fogo de metralhadoras, tiro ao alvo, marchas de longo percurso e<br />

aperfeiçoamento físico. De início, a seriedade e a rigidez na rotina imposta pelos<br />

militares americanos, cujo lema era treinar, treinar e treinar, causou estranheza e<br />

encontrou certa resistência por parte dos recrutas e militares de carreira brasileiros,<br />

desacostumados com tal nível de exigência. Em pouco tempo, porém, esse entrave<br />

foi superado, e o preparo da tropa prosseguiu na medida do possível.<br />

Fileiras (quase) democráticas<br />

Em 1943, o Exército brasileiro tinha menos de cem mil homens em seus<br />

quadros. Em julho de 1943, depois da convocação geral, menos de três mil<br />

voluntários se apresentaram, e metade foi reprovada nos exames de seleção físicos e<br />

sanitários. No momento em que o alistamento voluntário não correspondeu às<br />

expectativas, teve lugar a convocação compulsória de reservistas, em grande parte<br />

provenientes das classes trabalhadoras — operários e agricultores —, que<br />

compunham a maioria populacional do Brasil. Os militares de carreira, os oficiais da<br />

reserva e um grande número de recrutas provenientes das capitais brasileiras<br />

representavam uma parte mais privilegiada da população. A FEB formava um<br />

quadro representativo fiel da sociedade brasileira da época.<br />

Uma das grandes virtudes atribuídas à FEB era o caráter não segregacionista de<br />

suas fileiras. De fato, se comparada à política racista vigente nos Exércitos inglês e<br />

americano, em que tropas coloniais e negros eram abertamente segregados, usados<br />

apenas para serviços na retaguarda ou reunidos em tropas separadas, comandadas<br />

por oficiais brancos, a FEB era, de fato, uma tropa miscigenada.<br />

No entanto, dentro da FEB também havia segregação racial, além da social e<br />

hierárquica. Mais tarde, constatou-se o estranhamento dos americanos ao verem que<br />

os brasileiros não segregavam os negros em seus pelotões, assim como a surpresa

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