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Joao-Barone-1942

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totalitária, Vargas implementou o culto à personalidade, centrado na figura do chefe<br />

único da nação. Nos moldes fascistas, impôs inúmeras medidas de caráter<br />

nacionalista. Uma dessas ações extremadas foi a dissolução dos símbolos estaduais e<br />

municipais, cujos hinos e bandeiras foram proibidos, uma vez que deveriam ser<br />

substituídos apenas pelo culto à bandeira e pelo Hino Nacional. Numa bizarra<br />

cerimônia realizada no Rio de Janeiro, com grande pompa e formalidade, em<br />

novembro de 1937, as bandeiras dos estados brasileiros foram queimadas numa pira<br />

em praça pública, na presença do chefe da nação, obedecendo-se a um típico roteiro<br />

da ritualística nazifascista. Atendendo a pedidos, Vargas poupou a bandeira do Rio<br />

Grande do Sul, seu estado natal, de ser queimada, mas seguiu com a agressiva<br />

cerimônia incinerando todas as outras.<br />

Em suas andanças pelo sul do país, numa passagem por Blumenau — sabendo<br />

que o município tinha forte herança da colonização germânica —, Vargas discursou<br />

em prol do sentimento nacionalista que seu governo procurava implantar:<br />

O Brasil não é inglês nem alemão. É um país soberano, que faz respeitar as suas<br />

leis e defende os seus interesses. O Brasil é brasileiro. (...) Porém, ser brasileiro<br />

não é somente respeitar as leis do Brasil e acatar as autoridades. Ser brasileiro é<br />

amar o Brasil. É possuir o sentimento que permite dizer: o Brasil nos deu pão;<br />

nós lhe daremos o sangue!<br />

Alguns especialistas discutem a definição de ditadura fascista para o governo<br />

Vargas, que estaria mais perto do formato do caudilhismo e do coronelismo, tão<br />

comuns na história da América Latina e do Brasil. Vargas implantou uma série de<br />

medidas populistas, em prol das classes trabalhadoras, enquanto seu ministro da<br />

Justiça na época, Oswaldo Aranha, cumpria as determinações do líder nacional: a<br />

dissolução do Congresso, das Assembleias Legislativas Estaduais e das Câmaras<br />

Municipais de todo o país, um duro atentado contra a democracia. Com o passar do<br />

tempo, Aranha se distanciaria do governo, depois de discordar de vários aspectos da<br />

política de Vargas, e preferiria servir como embaixador brasileiro em Washington.

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