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Joao-Barone-1942

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No auge de sua carreira, Carmen Miranda se comparava em termos atuais com<br />

uma celebridade do calibre de Madonna. Emplacou inúmeras marchas de carnaval,<br />

estrelou dezenas de filmes e foi a pioneira entre as atrizes mais bem-pagas do show<br />

business. Apelidada de Brazilian Bombshell (literalmente, a “Bomba Brasileira” —<br />

numa época em que “bomba” era uma expressão usada para tudo que fosse de<br />

grande sucesso, um “estouro”), Carmen Miranda foi uma das figuras brasileiras mais<br />

exploradas no período da política da boa vizinhança americana, mas seu talento e<br />

popularidade não dependiam de nenhuma armação política.<br />

Um fato incompreendido foi que, durante a guerra, Carmen Miranda, ao<br />

contrário de várias outras grandes estrelas americanas, jamais se apresentou para as<br />

tropas brasileiras ou Aliadas, nem mesmo apareceu nos hospitais americanos onde<br />

estavam internados muitos soldados da FEB, removidos da Itália. Curiosamente, sua<br />

irmã, Aurora Miranda, que também era cantora, estrelou o Você já foi à Bahia<br />

cantando músicas de Ary Barroso e Dorival Caymmi.<br />

Durante a guerra, um sargento americano chamado Sascha Brastoff se tornou<br />

personagem muito conhecido ao fazer hilárias performances musicais nas quais<br />

imitava a famosa cantora luso-brasileira, em inúmeros shows apresentados pelo<br />

USO — United Services Organization —, setor das Forças Armadas americanas<br />

especialmente dedicado ao lazer e à recreação dos soldados. Não há registros de que<br />

a legítima Carmen Miranda tenha sido convidada para shows nos acampamentos<br />

Aliados. A artista cuja figura extravagante representava — e ainda representa nos<br />

dias de hoje — uma das mais relevantes marcas da cultura brasileira permaneceu<br />

durante anos no topo, até sua morte precoce, aos 46 anos, em 1955.<br />

A integração artística se dava também no sentido contrário. Além do círculo<br />

governamental, a política da boa vizinhança americana buscava popularizar a cultura<br />

dos Estados Unidos no Brasil, como se Hollywood já não fosse um dos maiores<br />

canais de divulgação do Tio Sam, com seus inúmeros filmes, atores e atrizes, sempre<br />

presentes nos cinemas brasileiros e que faziam homens e mulheres sonharem com<br />

suas estrelas favoritas. Para tanto, o governo americano criou um órgão voltado<br />

especificamente para essas ações, na forma de uma agência para coordenar os<br />

interesses interamericanos.<br />

Sob a chefia de Nelson Rockfeller — membro de uma rica e tradicional família

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