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Joao-Barone-1942

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Treino é treino, jogo é jogo<br />

Uma parcela dos soldados que lutaram na FEB era composta por militares da ativa, que já estavam em<br />

serviço no momento da convocação. Esse era o caso do terceiro-sargento Divaldo Medrado, natural de<br />

Belo Horizonte. Com apenas 21 anos, Medrado seguiu para a reunião do efetivo mineiro que se<br />

concentrava no quartel da então Companhia de Caçadores em São João del-Rei, Minas Gerais, de onde<br />

saiu grande parte do efetivo do 11o Regimento de Infantaria, batizado de Regimento Tiradentes, mas<br />

que ficou mais conhecido entre as fileiras da FEB como “o Onze”. De lá, o sargento seguiu para<br />

treinos complementares nos campos da Vila Militar, no Rio de Janeiro, onde aprimorou seus<br />

conhecimentos e funções como sargento, no comando de um grupo de combate, conforme a nova<br />

cartilha militar americana. O sargento foi reconhecidamente um militar especializado no comando em<br />

batalha, uma espécie de caaz da tropa, que fica em linha direta com seus comandados — os 13 homens<br />

que formam um grupo de combate — preparando-os e sabendo precisamente se estão aptos para<br />

realizar uma missão. O sargento tem que repassar ao seu grupo de combate as ordens recebidas do seu<br />

superior imediato, o tenente. Esse processo é uma das funções mais importantes em campo de batalha,<br />

bem como fazer a tropa progredir no terreno, tomar uma posição do inimigo, trazer prisioneiros,<br />

enfim, realizar a maioria das missões que formam o retrato mais realista das ações de combate. Os<br />

treinos procuravam reproduzir situações de combate, mas, assim como diz a velha máxima do futebol,<br />

“treino é treino, jogo é jogo”, treinamento é uma coisa; na hora do jogo, tudo é diferente.<br />

O sargento Medrado seguiu para a guerra no 3o escalão da FEB, em setembro de 1944. Depois de mais<br />

um curto período de instrução na Itália, as recém-chegadas tropas do Onze e do Regimento Sampaio<br />

foram rapidamente postas em ação para substituir os homens do 6o Regimento de Infantaria, que<br />

estavam na frente desde agosto. Além dos alemães, com suas minas, artilharia, armadilhas e a sempre<br />

temida Lurdinha, os pracinhas brasileiros começavam a ter noção do inverno rigoroso que se<br />

aproximava da cordilheira dos Apeninos — em nada parecido com o que era frio para eles no Brasil<br />

—, com sua neve branca, que depois virava lama preta, escorregadia como sabão, e que jogava a favor<br />

do inimigo encastelado naqueles morros.<br />

O sargento Medrado esperava cumprir sua função na 1a Companhia, dentre as três que integravam o 1o<br />

Batalhão do Onze. Ainda antes de a neve chegar, seu grupo de combate era um dos que tomaram parte<br />

numa ação em Guanella, nos arredores do Monte Castello, na nova frente de combate da FEB. Era<br />

madrugada do dia 2 para o dia 3 de dezembro de 1944 quando as unidades do Onze subiram as colinas<br />

daquela localidade. O avanço cuidadoso deixava um clima de suspense no ar, e cada passo era dado<br />

como pisar sobre ovos, num silêncio que se ampliava com a escuridão da madrugada.<br />

Um espocar seguido de rajadas de todos os lados cortou os ares. Num relance, houve a certeza de que<br />

os alemães estavam em total superioridade naquele setor, o que levou alguns pelotões a bater em<br />

retirada. Terror e desorganização levaram todas as unidades a retroceder morro abaixo, alguns<br />

chegaram até Porretta Terme, no posto de comando da FEB. Naquele momento, o 1o Batalhão do Onze<br />

sofreu seu mais duro golpe na campanha da Itália. Mas o sargento Medrado ainda haveria de acertar<br />

suas contas com os tedescos.<br />

Enfim, o desembarque

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