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Joao-Barone-1942

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2. A GUERRA NÃO DECLARADA<br />

Estar a bordo de qualquer navio na costa brasileira em agosto de <strong>1942</strong> não era<br />

uma sensação confortável. As notícias dos ataques de submarinos alemães e italianos<br />

em pleno mar territorial assustavam toda a população, em especial os que<br />

inevitavelmente dependiam do transporte marítimo para chegar a seus destinos.<br />

O vapor Itagiba zarpou do Rio de Janeiro no dia 13 daquele mês, com destino a<br />

Recife, fazendo escalas em Vitória e Salvador. A viagem de quatro dias pareceu<br />

demorar muito mais, com o medo que tripulação e passageiros tinham de um<br />

possível torpedeamento, de terem o mesmo maldito destino dos outros três navios<br />

afundados dois dias antes na costa de Sergipe. O velho vapor — lançado ao mar por<br />

um estaleiro da Escócia em 1913, com 86 metros de comprimento, 13 de largura e<br />

cinco de calado (altura do casco) — chegaria a Salvador na manhã do dia 17. Levava<br />

a bordo 181 passageiros, entre eles o jovem soldado do 7 o Grupo de Artilharia de<br />

Dorso, Dálvaro José de Oliveira, um dos outros 95 a bordo que tinham Olinda como<br />

destino, a sede dessa recém-formada corporação criada para vigiar o extenso litoral<br />

nordestino.<br />

Havia um certo alívio, pois já era possível avistar a costa. De repente, no dia 17,<br />

uma grande explosão estremeceu todo o navio. Não restava a menor dúvida: foi o<br />

impacto de um torpedo, que acertou a velha nau bem no meio. Dálvaro testemunhou<br />

o terror causado pelo torpedeamento de um inocente navio mercante por um<br />

submarino do Eixo. Não conseguiu concatenar nada, instintivamente procurou<br />

apenas escapar daquele pesadelo. Em meio à correria e aos gritos do pânico geral,<br />

ainda houve tempo para a tripulação do velho vapor abaixar os botes salva-vidas,<br />

conhecidos como baleeiras.<br />

Embora o Itagiba tenha sido alvejado por apenas um torpedo, o que fez com<br />

que não afundasse rápido, vários passageiros, desesperados, pularam na água e<br />

morreram afogados imediatamente. Dos 36 mortos, muitos também foram vítimas<br />

diretas dos trezentos quilos de explosivos contidos no torpedo, somados à grande<br />

explosão da caldeira de vapor do navio.<br />

Depois que os sobreviventes — alguns muito feridos — conseguiram se reunir

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