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Joao-Barone-1942

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meses de atraso e que eram disputados pelos soldados, na certeza de que trariam<br />

lembranças do Brasil. Esse era o caso de O Globo Expedicionário, editado no Brasil,<br />

que levava até seis semanas para chegar às mãos dos pracinhas.<br />

A incontestável necessidade de notícias acabou gerando o surgimento de jornais<br />

não oficiais, editados artesanalmente e tipografados, ou mesmo mimeografados.<br />

Esses periódicos tentavam escapar dos censores do Departamento de Imprensa e<br />

Propaganda, como mostravam desafiadoramente os exemplares de A Cobra Fumou<br />

em sua primeira página: “Não registrado pelo DIP.”<br />

Os próprios regimentos trataram de criar seus jornais, como era o caso de O<br />

Sampaio e do Zé Carioca, editado pelo Serviço Especial e voltado para a recreação e<br />

o bem-estar das tropas, onde estava alocada a banda da FEB. Destacando-se dos<br />

vários jornalecos publicados — como Vem Rolando , A Tocha, Tá na Mão,<br />

Vanguardeiro e Marreta —, o mais popular foi, sem dúvida, O Cruzeiro do Sul,<br />

que acabou por receber o status de órgão oficial da FEB, sendo impresso numa<br />

gráfica em Florença. Seu primeiro exemplar saiu apenas no dia 3 de janeiro de 1945.<br />

Os jornais publicavam cartas de parentes, boletins de serviço, textos escritos por<br />

soldados sobre a vida na guerra e até citações de combate, relatos oficiais de ações<br />

realizadas por soldados em campo de batalha. Como exemplo, segue a citação de<br />

combate do segundo-sargento João Guilherme Schultz, do 1 o RI (Sampaio),<br />

publicada após o fim da guerra, em 31 de maio de 1945, no Cruzeiro do Sul:<br />

O objetivo de seu pelotão era La Serra, no ataque de sua companhia contra a<br />

linha La Serra-Cota 985. Atingindo o objetivo que lhe fora fixado, momentos<br />

depois cai ferido o seu comandante. Imediatamente assume o comando do seu<br />

pelotão, age contra os elementos inimigos que tentam reconquistar a posição<br />

perdida. Os alemães contra-atacam com ímpeto singular, e o sargento Schultz,<br />

pelo exemplo pessoal e pelo acionamento judicioso dos meios de que dispõe,<br />

anula o esforço adversário. Luta durante quatro dias sob intenso bombardeio de<br />

artilharia e morteiros. Mas o seu ânimo não se quebra. Assegura a posse do<br />

terreno conquistado para a tropa brasileira. Durante esse período, reduz cinco<br />

casamatas alemãs, captura treze prisioneiros, arrancados das posições a<br />

“bazuca” e a granadas de mão. Nas organizações atacadas, está sempre entre os

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