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Joao-Barone-1942

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essa vontade. Onde na nossa época de perturbação ainda vemos esperança de<br />

um futuro novo em novas zonas, é nosso dever indicarmos esse país, essas<br />

possibilidades.<br />

O Schindler brasileiro<br />

Como na história de Zweig, a vida de outro brasileiro oferece uma página<br />

riquíssima sobre os dramáticos acontecimentos daqueles tempos. Desde seu início, o<br />

Estado Novo implantou uma clara política de controle para a imigração de<br />

populações indesejáveis, como negros, judeus e asiáticos, o que se intensificou com<br />

o começo da guerra. Antes de Oswaldo Aranha, o ministro das Relações Exteriores<br />

era Mário de Pimentel Brandão, que emitiu várias circulares secretas que proibiam a<br />

entrada de elementos da “raça de Israel”, um claro desconhecimento quanto ao fato<br />

de os judeus na verdade representarem um grupo religioso. Havia também a<br />

preocupação política, já que muitos judeus eram comunistas que fugiam da Rússia,<br />

além da perseguição nazista. O ministro da Justiça, Francisco Campos, reconhecido<br />

como antissemita e simizante da ala germanófila do governo, ficou no controle das<br />

ações do Conselho de Imigração e Colonização sobre as imigrações estrangeiras. Na<br />

maioria dos casos, foram os judeus mais abastados que conseguiam facilitadores<br />

para entrar no país pelos canais oficiais.<br />

Funcionando em Paris desde 1922, depois da invasão e da ocupação nazista em<br />

1940, a embaixada do Brasil foi realocada para Marselha, no sul da França, onde<br />

funcionava o “governo fantoche” pró-nazista de Vichy (com a ocupação alemã, a<br />

França foi dividida em duas zonas: o norte foi ocupado militarmente, e no sul<br />

funcionava uma zona livre, mas com o governo colaboracionista). O embaixador<br />

Souza Dantas, além de ter previsto que a guerra na Europa iria eclodir, era<br />

conhecedor da perseguição nazista aos judeus, e seus relatos da época já incluíam os<br />

aspectos mais nefastos do Holocausto: famílias eram separadas, homens, mulheres e<br />

crianças deportados para campos de internação na Alemanha e de trabalhos forçados<br />

na Polônia. Souza Dantas chegou a reportar em suas correspondências ao Brasil<br />

sobre o que acontecia nesses campos de prisioneiros, segundo ele, “algo pior que o<br />

Inferno de Dante”.<br />

Ao constatar-se isso, surge a lembrança de como a população alemã e até o alto-

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