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Joao-Barone-1942

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correspondência normal poderia levar de oito dias a um mês para ser entregue. É no<br />

mínimo surpreendente saber que o correio da FEB funcionava bem, mesmo com o<br />

trabalho da censura, que atrasava o envio.<br />

Outra surpresa é o número de cartas e telegramas computados ao longo da<br />

permanência do efetivo brasileiro na Itália. Foram mais de 1.300.000 cartas enviadas<br />

e recebidas. Mais de 75 mil telegramas foram enviados ao Brasil, e os pracinhas<br />

receberam mais de 170 mil. Uma estatística calculou cerca de sete mil cartas<br />

recebidas por dia, uma média alta, considerando-se o grande número de iletrados<br />

entre os pracinhas. Mais de dois mil pacotes foram recebidos e mais de 95 mil<br />

encomendas foram enviadas. Apesar das estatísticas positivas, o terceiro-sargento da<br />

7 a Companhia do Onze, Ary Roberto de Abreu — hoje em dia guardião do Museu<br />

do Batalhão Tiradentes, em São João del-Rei —, afirma categoricamente que nunca<br />

recebeu sequer um dos vários pacotes de cigarros que sua namorada lhe enviou ao<br />

longo da guerra.<br />

O serviço de pagamento dos pracinhas era operado pela agência do Banco do<br />

Brasil. De lá, eram enviados os pagamentos para o Serviço de Fundos da Divisão,<br />

que funcionava com a Pagadoria Fixa, em Livorno. Cada pracinha recebia cerca de<br />

dez dólares. Outros dez eram enviados em consignação à família do combatente, e<br />

mais dez eram depositados como fundo de previdência na Caixa Econômica Federal,<br />

em nome do soldado ou de alguém indicado por ele. Os trinta dólares que cada<br />

pracinha recebia faziam da FEB o efetivo mais bem-pago na Itália (um soldado<br />

americano, por exemplo, recebia cerca de 28 dólares). O pagamento da FEB era feito<br />

integralmente pelo governo brasileiro.<br />

As estatísticas sobre a disciplina nas fileiras da FEB também reportam um saldo<br />

positivo. O Serviço de Justiça Militar da Divisão efetuou 278 julgamentos durante a<br />

campanha, com 141 absolvições e 137 condenações. Foram constatados apenas dois<br />

casos de deserção, menos de um por cento dos mais de 25 mil homens em serviço.<br />

Além da deserção, havia problemas de não comparecimento depois de expirado o<br />

tempo de licença, ou alguns raros episódios de embriaguez. Rubem Braga reportou o<br />

seguinte em um de seus textos como correspondente:<br />

Não mandamos à Itália 25.334 anjos em 1944. A nossa tropa, como toda tropa

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