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Joao-Barone-1942

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Finalmente, no dia 16 de julho de 1944, o 1 o escalão da FEB desembarcou em<br />

Nápoles. Paul Macguire, o comandante do General Mann, saudou a tropa brasileira<br />

em sua despedida: “Nosso navio já transportou milhares de tropas e ainda muitas<br />

mais terá que transportar, mas nenhuma delas deixará, por certo, melhor impressão<br />

que a vossa.”<br />

Antes de se provarem em combate, ao menos os soldados brasileiros receberam<br />

essa boa nota pelo comportamento durante a viagem até os portões da guerra. Já na<br />

chegada, o que saltou aos olhos de todos os pracinhas quando desembarcaram num<br />

dos principais portos do Mediterrâneo foi o estado de total destruição no qual não só<br />

o porto, mas toda a cidade se encontrava. Esqueletos de navios destruídos e<br />

encalhados, ruínas de prédios e de instalações portuárias e montanhas de escombros<br />

compunham o cenário de uma cidade fantasma. Muitos relatos falam do frio na<br />

espinha que percorreu cada um dos que se depararam com aquela cena. Finalmente<br />

viram a guerra de que tanto falavam, dando uma mostra de seu perfil devastador.<br />

A tropa brasileira, composta por 5.800 homens, foi encaminhada ao ponto de<br />

reunião na localidade de Agnano, 25 quilômetros distante do porto. No trajeto até a<br />

estação ferroviária, os soldados brasileiros, desarmados e um tanto desancados<br />

depois da longa viagem de navio, não chegavam nem perto do garbo e do alinho<br />

esperado das tropas libertadoras Aliadas.<br />

Uma vez que o uniforme do Exército brasileiro lembrava um pouco os<br />

uniformes alemães e italianos, tanto no corte quanto na coloração esverdeada, no<br />

bibico (casquete militar) e nos muitos botões na parte da frente das jaquetas,<br />

aconteceu de os cidadãos locais suspeitarem de que se tratava de um contingente de<br />

prisioneiros alemães sendo trasladados, o que gerou algumas demonstrações de<br />

hostilidade por parte da sofrida população local. Alguns apupos, vaias e ações mais<br />

impetuosas de um ou outro italiano mais exaltado, que pensava estar indo à forra de<br />

algum “tedesco maledetto” (alemão maldito), foram incluídos nos relatos bemhumorados<br />

dos pracinhas, mas serviram também como argumento ao se tentar<br />

denegrir a participação do Exército brasileiro já na sua chegada à guerra. Os relatos<br />

ganhavam ares de crítica e de humilhação, certamente distorcidos por aqueles que<br />

ainda não se conformavam com a entrada do Brasil no conflito.

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