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Joao-Barone-1942

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campos de extermínio nazistas.<br />

Entre as muitas vidas que encontraram porto seguro no Brasil estava a do<br />

escritor austríaco Stefan Zweig, judeu fugido da perseguição na Alemanha, um dos<br />

escritores mais lidos naqueles tempos em todo o mundo. Seus livros arderam nas<br />

fogueiras que os nazistas promoviam, alimentada pelas obras de autores<br />

“degenerados”, perseguidos e banidos pelo regime. Desde sua primeira visita, em<br />

1936, Zweig se encantou com o Brasil, e retornou com a esposa em 1940, com<br />

planos de se fixar. Sua vivência o inspirou a escrever uma de suas obras mais<br />

conhecidas: Brasil, país do futuro.<br />

O livro descrevia com deslumbre as belezas que o escritor encontrou por aqui,<br />

ao mesmo tempo que fazia um retrato muito positivo da índole brasileira. Na época,<br />

alguns setores descontentes com o governo acusaram Zweig de ter ignorado o fato<br />

de o país estar sob um regime ditatorial e de seu livro estar servindo como<br />

instrumento de Vargas, mas a qualidade de seu trabalho contestava a acusação.<br />

Criticar a obra de Zweig demonstrava que ousavam questionar o regime de Vargas,<br />

mesmo sob risco de serem perseguidos pela polícia de Filinto Müller, o “chefe da<br />

Gestapo brasileira”.<br />

Zweig também era criticado por não ser favorável ao movimento sionista — que<br />

preconizava a criação de um Estado judaico — surgido na Europa Central, no fim do<br />

século XIX. Muitos outros judeus ilustres também não eram simpáticos à causa —<br />

entre eles, Sigmund Freud e Albert Einstein. Em fevereiro de <strong>1942</strong>, com o<br />

agravamento da guerra, o escritor e sua esposa se suicidaram em Petrópolis, onde<br />

moravam. Um trecho de seu livro dá uma ideia de quanto o Brasil, mesmo com seus<br />

sérios dilemas, parecia uma nação afortunada, frente ao panorama sombrio no qual<br />

se encontrava a Europa:<br />

(...) hoje, que o governo é considerado como ditadura, há aqui mais liberdade e<br />

mais satisfação individual do que na maior parte dos nossos países europeus. Por<br />

isso, na existência do Brasil, cuja vontade está dirigida unicamente para um<br />

desenvolvimento pacífico, repousa uma das nossas melhores esperanças de uma<br />

futura civilização e pacificação do nosso mundo devastado pelo ódio e pela<br />

loucura. Mas onde se acham em ação forças morais, é nosso dever fortalecermos

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