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Joao-Barone-1942

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veículos custava caro, mas driblava o racionamento de gasolina na época da guerra.<br />

Quem podia rodava com seu carro adaptado, quem não podia simplesmente não<br />

rodava. O famoso piloto Chico Landi venceu várias provas no circuito de Interlagos,<br />

onde carros movidos a gasogênio disputavam as corridas. Os veículos adaptados,<br />

inclusive de corrida, tinham a performance bastante alterada — perdiam potência e<br />

velocidade, ficavam mais pesados por conta da grande caldeira metálica montada na<br />

traseira. Mas o piloto paulista virou o “rei do gasogênio” quando se tornou garotopropaganda<br />

de um aparelho fabricado por sua própria firma. No Brasil, cerca de<br />

vinte mil carros foram adaptados para uso desse combustível, durante a guerra.<br />

Se o racionamento e a falta de gasolina aconteciam pela dependência externa do<br />

país quanto ao fornecimento e aos altos preços no mercado externo, muitas ações<br />

especulativas aconteceram nos anos posteriores à entrada do Brasil na guerra, o que<br />

causou confusão na vida dos brasileiros. O mercado imobiliário, a agricultura, a<br />

agropecuária, o controle de estoques, tudo supostamente aumentava devido à guerra.<br />

Nas capitais, o transporte público piorava, uma vez que os empresários não<br />

reinvestiam seus lucros na melhoria dos serviços. Um dos exemplos mais<br />

expressivos dessa especulação foi a tentativa de se implantar o chamado “pão de<br />

guerra”, um tipo de pão feito com farinha integral misturada com outras farinhas<br />

mais baratas, como a de mandioca. A ideia foi rejeitada pelo público, que preferia o<br />

pão branco, e os estoques de farinha de trigo branca foram retidos pelos produtores,<br />

que aumentaram o preço ainda mais. Mesmo assim, o pão de guerra ficou fora da<br />

preferência popular. Não foi a guerra que provocou o aumento do preço e das filas<br />

para se obter o pão branco, mas a mera especulação. Em dezembro de 1944, em<br />

meio a uma crise de abastecimento de gêneros básicos em São Paulo, o governo<br />

fechou a bolsa de cereais, e o próprio Vargas fez uma visita ao estado, como medida<br />

de coerção aos especuladores.<br />

Com uma guerra em andamento, Getúlio Vargas tentava dar ares mais leves a<br />

sua ditadura. Passou a exigir que fosse chamado de presidente Vargas, na tentativa<br />

de atenuar as tensões que emergiam sobre a volta do país à democracia. Nos<br />

bastidores do poder, numa conversa entre Vargas e um de seus generais de<br />

confiança — possivelmente Góes Monteiro —, na qual abordaram os inúmeros<br />

percalços decorrentes do envio da FEB para a Itália, o presidente ouviu em retorno:

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