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Joao-Barone-1942

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proeza. Na época em que procurei pelo registro de qualquer brasileiro, mesmo<br />

naturalizado americano, que tivesse participado daquele mítico episódio, consegui<br />

encontrar apenas o nome de Clostermann, que relatou sua participação nas ações do<br />

Dia D no livro O grande circo, testemunho de suas experiências de combate nos<br />

céus da Europa. Clostermann também se tornou o protagonista do meu<br />

documentário Um brasileiro no Dia D, sua derradeira entrevista antes de falecer, em<br />

março de 2006. O maior ás francês da aviação de caça realizou uma missão na tarde<br />

de 6 de junho, quando ainda aconteciam as ações de desembarque. A surpresa com<br />

o achado de Arthur Scheibel foi geral, e ainda levei algum tempo para tomar<br />

conhecimento da incrível história desse “outro brasileiro no Dia D”.<br />

Em agosto de 2011, recebi um e-mail de Ivo Kretzer, secretário executivo da seção<br />

regional da ANVFEB (Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária<br />

Brasileira) em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. Não por mera coincidência, Ivo é<br />

filho de um expedicionário, o veterano Fridolino Irineu Kretzer, que durante a<br />

guerra serviu como estafeta, levando e buscando correspondências entre os quartéisgenerais<br />

e os postos de comando da FEB, usando um jipe. A intenção de Ivo era me<br />

relatar o fato de que outro brasileiro havia participado do Dia D, depois que ele<br />

assistiu ao meu documentário sobre Pierre Clostermann. Essa revelação tirou do ás<br />

da aviação francês — mas nascido em nosso país — seu status de único “brasileiro”<br />

conhecido que participou do Dia D, mas, ao mesmo tempo, fez de Clostermann o<br />

único brasileiro a deixar um depoimento sobre sua participação na Operação<br />

Overlord.<br />

A saga do “outro brasileiro no Dia D” começa na família Scheibel, descendente de<br />

imigrantes alemães, em Corupá, município vizinho de Jaraguá do Sul, em Santa<br />

Catarina. De acordo com a versão contada pelos familiares, Arthur deixou a cidade<br />

para morar em Florianópolis no início de sua juventude, onde estudou e ingressou<br />

na Marinha Mercante. Antes da guerra, servia num navio mercante na costa brasileira<br />

que afundou depois de se chocar contra um navio alemão. Os sobreviventes foram<br />

salvos por um navio de bandeira americana. Pouco depois, Arthur decidiu migrar<br />

para os Estados Unidos, onde naturalizou-se americano, alistou-se na Marinha<br />

Mercante e chegou ao posto de segundo-engenheiro, entre 1943 e 1944. Ainda

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