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Joao-Barone-1942

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14. O CREPÚSCULO DE DEUSES E DEMÔNIOS<br />

O desfile da FEB na chegada ao Rio de Janeiro foi um evento grandioso. Toda a<br />

população da capital federal se reuniu pelas ruas do centro da cidade, acotovelada no<br />

grande corredor da avenida Rio Branco coberto de faixas de boas-vindas e com<br />

chuva de papel picado, por onde os pracinhas desfilavam. Cenas de grande apelo<br />

pontuavam o evento, quando parentes esperavam ver seus entes queridos de volta<br />

da guerra, pais e filhos, esposas e maridos, namorados e namoradas, que muitas<br />

vezes não conseguiam frear a emoção e corriam por entre as fileiras para o abraço<br />

do reencontro.<br />

Os pracinhas feridos em combate que estavam sob tratamento no Hospital Central<br />

do Exército foram levados até um trecho especialmente reservado da avenida, onde<br />

puderam assistir ao desfile. Entre eles, estava o sargento Medrado, que se emocionou<br />

com a passagem de seus irmãos de armas, de volta ao Brasil.<br />

Em meio à grande festa, houve também tristeza. Muitos dos presentes não<br />

reencontraram seu pracinha. Quem sabe chegaria no próximo navio. Enquanto isso,<br />

era aguentar o grande temor de um final triste para aquela história dos caboclos que<br />

voltavam da guerra.<br />

A guerra havia terminado para aqueles brasileiros que foram lutar em terras<br />

distantes, mas outra guerra estava para começar, em seu próprio país. Mal sabiam os<br />

pracinhas da FEB que as promessas do governo de apoiar e ajudar os combatentes<br />

não seriam cumpridas, que, da glória inicial da partida para o combate até o retorno<br />

triunfal ao lar, os ex-combatentes seriam desmerecidos, depreciados e esquecidos<br />

com o passar dos anos.<br />

Atualmente, a maior parte dos interessados na história da FEB acredita que a tal<br />

“Canção do Expedicionário” era conhecida por todos os pracinhas, que bradavam a<br />

plenos pulmões sua enorme letra durante os desfiles realizados na volta dos heróis<br />

ao Brasil. Mas não era assim. Durante a permanência na Itália, a banda da 1 a Divisão<br />

de Infantaria Expedicionária não tocou uma única vez o tema que viria a se tornar o<br />

hino da FEB. Não seria exagero afirmar que nenhum pracinha conhecia a música,

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