Cirurgia segura no HC <strong>Unicamp</strong>Cirurgia segura no HC <strong>Unicamp</strong>AutoresAlessandra NCP Roscani, Mavis Lavinia Bordignon, Nei<strong>de</strong> Sumie Yamada, Sandra Regina, Mariza CF Lino, Antonio GOFilho, Eneida Rached Campos.Contato: alessandra@hc.unicamp.brIntroduçãoA segurança cirúrgica tem se firmado como preocupação significativa na saú<strong>de</strong> pública mundial para a Aliança Mundial <strong>de</strong>Segurança do Paciente e conta com uma base sólida <strong>de</strong> conhecimentos que torna imperativa sua incor<strong>por</strong>ação nosprocedimentos cirúrgicos.ObjetivoO presente estudo <strong>de</strong>scritivo tem como objetivo principal <strong>de</strong>screver a inserção da checklist <strong>de</strong> segurança cirúrgica noprocesso <strong>de</strong> trabalho multiprofissional da equipe envolvida nos procedimentos da cirurgia ortopédica utilizando-se ametodologia <strong>de</strong> gestão <strong>por</strong> processos (GEPRO).Metodologia GEPROO estudo foi realizado em um hospital público universitário do Estado <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>por</strong>te e alta complexida<strong>de</strong>,com 375 leitos no qual, o <strong>Centro</strong> Cirúrgico é subdividido em 3 áreas: Eletivo, Urgência e Ambulatorial, totalizando 24 salascirúrgicas, que assistem a 16 especialida<strong>de</strong>s e realiza em média 1118 cirurgias/mês e 40 cirurgias/dia, sendo que em 2010foram realizadas 13.422 cirurgias. Foi utilizada a Metodologia Gestão <strong>por</strong> <strong>Processos</strong> - GEPRO, em suas oito etapas. A 1ªetapa associou o incômodo do conhecimento do tema com o Planejamento Estratégico do Hospital, firmando um Contrato<strong>de</strong> Trabalho entre o <strong>Centro</strong> Cirúrgico (CC) e a Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Assistência. E, também selecionada a especialida<strong>de</strong>cirúrgica para o estudo. Na 2ª etapa foi confeccionado o Mapa <strong>de</strong> Relacionamento que esquematiza em uma visão sistêmica,toda a interação horizontal multiprofissional que envolve a realização da cirurgia. Com esse cenário foram elaboradas asestratégias <strong>de</strong> gestão que resultassem na incor<strong>por</strong>ação da lista. Na 3ª etapa foram i<strong>de</strong>ntificados os processos críticos. Na 4ªetapa foi realizado um VOC (Voz do Cliente) Interno para avaliar a a<strong>de</strong>são ao projeto e o levantamento dos requisitos dosclientes. A 5ª etapa foi confeccionado o fluxograma do processo atual para avaliação do processo e elaborado o plano <strong>de</strong>ação para as intervenções. Na 6ª etapa foi <strong>de</strong>senhado o fluxograma do processo novo e i<strong>de</strong>ntificados os pontos <strong>de</strong>verificação. Foi elaborado o ciclo <strong>de</strong> melhoria e o sistema <strong>de</strong> medição <strong>de</strong> indicadores do processo. Na 7ª etapa houve aimplantação do novo processo, além da validação da lista junto à equipe multiprofissional e da alteração <strong>de</strong> impressosinstitucionais para viabilizar o processo. Todos os profissionais envolvidos no estudo piloto foram treinados e então,iniciada utilização e a contagem do número <strong>de</strong> cirurgias realizadas com a lista. A 8ª etapa é o gerenciamento do processo,que fica incor<strong>por</strong>ado à gestão do CC, uma vez que monitora a a<strong>de</strong>são ao processo novo, analisa os indicadores e areavaliação contínua para melhorias dos processos.ResultadosComo resultado, observou-se que o método facilitou a inserção da checklist. Dado que, nos primeiros três meses o número<strong>de</strong> procedimentos realizados com a checklist evoluiu <strong>de</strong> forma crescente (Tabela 1) e cerca <strong>de</strong> 80 profissionais foramorientados quanto ao <strong>de</strong>safio proposto pela Aliança Mundial para Segurança do Paciente, Cirurgias Seguras Salvam Vidas.Tabela 1 – Relação <strong>de</strong> indicadores do projeto. Campinas, 2011.Antes doProjetoApós 1 mês<strong>de</strong>ImplantaçãoApós 2meses <strong>de</strong>ImplantaçãoApós 3meses <strong>de</strong>ImplantaçãoProc. realizados comChecklistProc. com SítioCirúrgico marcadoProc. Com PausaCirúrgicaInfusão <strong>de</strong>AntibióticoProfilático fora doprazo preconizado0% 61% 72% 76%0% 56% 65% 66%0% 46% 56% 46%Nãohaviamedição15% 13% 11%(Hoje: 5%)82
Cirurgia segura no HC <strong>Unicamp</strong>O projeto possibilitou ainda, a inserção <strong>de</strong> melhorias que objetivam garantir a segurança do paciente, como treinamentosespecíficos relacionados à marcação <strong>de</strong> sítio cirúrgico e i<strong>de</strong>ntificação do paciente; Disponibilização <strong>de</strong> etiquetasinformatizadas dos pacientes para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> materiais coletados durante o procedimento; Fazer o levantamento <strong>de</strong>indicadores assistenciais; Melhorias na interação multiprofissional.Quanto a problemas com material e/ou equipamentos durante o procedimento cirúrgico, observou-se queda consi<strong>de</strong>rável,visto que <strong>de</strong> 18% dos procedimentos, seguiu-se <strong>de</strong> 14 e 2%, nos meses subseqüentes.Po<strong>de</strong>-se ainda, levantar dados relacionados a não conformida<strong>de</strong>s no sistema informacional relacionadas aos registros <strong>de</strong>suspensão <strong>de</strong> procedimentos. O sistema no período apontava um número <strong>de</strong> procedimentos suspensos <strong>por</strong> falta <strong>de</strong> materialconsignado, quando na realida<strong>de</strong> a checklist mensurou este número seis vezes maior do que o apontado.Este projeto recebeu em outubro 2011, o Prêmio <strong>de</strong> Menção Honrosa no IV Congresso <strong>de</strong> Hospitais Universitários e <strong>de</strong>Ensino da ABRAHUE em BRASÍLIA, DF.ConclusãoConcluiu-se que o método GEPRO ofereceu uma abordagem capaz <strong>de</strong> incor<strong>por</strong>ar a lista ao procedimento cirúrgico naespecialida<strong>de</strong> da ortopedia e <strong>de</strong> envolver os profissionais nas propostas <strong>de</strong> intervenção e na implantação das mudançasnecessárias. Todos concordam que as mudanças implantadas resultarão em melhorias significativas e duradouras para ainstituição garantir a excelência na assistência cirúrgica ao paciente. E ainda, que o método é uma ferramenta que facilitaráa replicação para as <strong>de</strong>mais especialida<strong>de</strong>s cirúrgicas.83