Administração <strong>de</strong> medicamentos aos pacientes internados nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>internação do HC <strong>Unicamp</strong>Administração <strong>de</strong> medicamentos aos pacientes internados nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> internação do HC <strong>Unicamp</strong>AutoresCintia Soares Tozzi; Karina Jorgino Giacomello; Paula <strong>de</strong> Moura Piovesana; Flora Marta Giglio Bueno; YveteBalabanian; Maria Isabel Melo <strong>de</strong> Paolis.Contato: yvete@hc.unicamp.brIntroduçãoA segurança do paciente e a qualida<strong>de</strong> da assistência são aspectos essenciais na prática da enfermagem, sendo consoantecom a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) que <strong>de</strong>finiu como priorida<strong>de</strong> para o século XXI o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>estratégias que visem melhorar a segurança do paciente.Uma das estratégias para a segurança do paciente é a administração segura <strong>de</strong> medicamentos, tornando-se imprescindível apreocupação com o tema pelos profissionais <strong>de</strong> enfermagem. A terapia medicamentosa influencia na qualida<strong>de</strong> daassistência, custos hospitalares e sociais (Elliott e Liu, 2010). O erro na medicação po<strong>de</strong> prolongar a internação hospitalar,retardar o retorno para suas ativida<strong>de</strong>s sociais e familiares, levar a limitação e ou incapacida<strong>de</strong> física e, em casos extremos, amorte.O processo <strong>de</strong> administração <strong>de</strong> medicamentos é um sistema complexo, envolvendo vários profissionais, com relevância daequipe <strong>de</strong> enfermagem. Há alguns anos se empregava os “cinco certos” (paciente certo, droga, dose, via e tempo) comomnemônica para a administração dos medicamentos. Atualmente, Peterline (2003) incluiu mais quatro certos, constituindoseentão os “nove certos”, sendo: compatibilida<strong>de</strong> medicamentosa, orientação ao paciente, direito a recusar o medicamento eanotação correta.Para trabalharmos com todas as fases seria necessário planejamento e intervenções a longo prazo, <strong>por</strong>tanto, em se tratar <strong>de</strong>um curso com tempo <strong>de</strong>terminado, resolvemos nos ater a documentação que foi o problema mais evi<strong>de</strong>nte.ObjetivoGeral: o projeto tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover a administração segura <strong>de</strong> medicamentos, reduzindo ao máximo os erros naadministração.Específico: I<strong>de</strong>ntificar os principais erros cometidos no processo <strong>de</strong> documentação da administração <strong>de</strong> medicamentos,implantar estratégias visando melhorias nos registros da documentação entre profissionais <strong>de</strong> enfermagem, comodocumentar a<strong>de</strong>quadamente e anotar as intercorrências relacionadas às diversas fases da administração <strong>de</strong> medicamentospara melhor assistência <strong>de</strong> enfermagem e amparo legal quando necessário.Metodologia GEPROO projeto foi <strong>de</strong>senvolvido no ano <strong>de</strong> 2011 tendo como piloto a Enfermaria <strong>de</strong> Pediatria. Foram utilizadas as seguintesferramentas da Metodologia GEPRO: Mapa <strong>de</strong> Relacionamento e <strong>de</strong> Processo, Planilha <strong>de</strong> Desconexão, Fluxograma,Indicadores, Plano <strong>de</strong> Ação-5W2H; Aplicação da Voz do Cliente - VOC para verificar a percepção <strong>de</strong> 54 profissionais sobreo projeto, PDSA para estudar os principais erros cometidos no processo <strong>de</strong> administração <strong>de</strong> medicamentos relacionados àdocumentação do paciente, e Diagrama <strong>de</strong> causa-efeito. Para implementação do processo optou-se <strong>por</strong> duas intervenções:verificação <strong>de</strong> carimbos da equipe <strong>de</strong> enfermagem e aulas educativas para a equipe <strong>de</strong> enfermagem (53 profissionaistécnicos e enfermeiros).ResultadosNo Quadro 1 seguem os resultados consolidados dos principais aspectos abordados no VOC.A seguir, o Quadro 2 compara os resultados dos indicadores das auditorias realizadas na Enfermaria <strong>de</strong> Pediatria, aprimeira, antes das intervenções, realizada no período entre 10 e 17 <strong>de</strong> julho que verificou 247 prescrições médicas e <strong>de</strong>enfermagem o que totalizou 3.777 doses <strong>de</strong> medicamentos prescritas. A segunda auditoria foi realizada entre 23 e 30 <strong>de</strong>setembro, após as intervenções, verificando 204 prescrições, totalizando 2.438 doses <strong>de</strong> medicamentos prescritas. Em todosos quesitos auditados houveram redução na pro<strong>por</strong>ção <strong>de</strong> não-conformida<strong>de</strong>s: -77,8% em doses sem horário; -56% em dosesnão checadas; -50% em horário rasurado; -30,7% em i<strong>de</strong>ntificação do profissional; 21,1% em horários bolados semjustificativas e 0% <strong>de</strong> não-conformida<strong>de</strong>s em doses com horário errado.86
Administração <strong>de</strong> medicamentos aos pacientes internados nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>internação do HC <strong>Unicamp</strong>Quadro 1. Aspectos e resultado abordados no VOC. Campinas, 2011.Você sente dificulda<strong>de</strong>s em checar a prescrição médicalogo após realizar a administração do medicamentoprescrito?ChecagemNão Sim Às Vezes2%Você justifica na anotação <strong>de</strong> enfermagem as medicações que<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> fazer ou realiza em horário diferente daquelecolocado na prescrição médica?JustificativasNão Sim 0% Às Vezes2%6%37%61%Você se i<strong>de</strong>ntifica nas prescrições médicas utilizandoassinatura legível e carimbo <strong>de</strong>ntro das normas doCOREN?I<strong>de</strong>ntificaçãoNão Sim Às Vezes0% 6%92%Você encontra dificulda<strong>de</strong>s para realização do aprazamentodas prescrições médicas?AprazamentoNão Sim0%Às Vezes2%7%94%91%Quadro 2: Indicadores da auditoria I (anterior as intervenções) e II (posterior as intervenções).Campinas,2011Auditoria I Auditoria II Verificação1. Dose com horários bolados sem justificativa 78,2% 61,70% -21,1%2. I<strong>de</strong>ntificação do profissional ina<strong>de</strong>quada 74,3% 51,50% -30,7%3. Doses não checadas 5,0% 2,2% -56,0%4. Doses sem horário 0,9% 0,2% -77,8%5. Doses com horário errado 0,4% 0,4% 06. Doses com horário rasurado 1,6% 0,8% -50,0%ConclusãoHouveram benefícios evi<strong>de</strong>nciados pelos indicadores da documentação, entretanto novas intervenções e a responsabilizaçãodos profissionais <strong>de</strong>vem ser realizadas num esforço contínuo para melhoria da qualida<strong>de</strong> da assistência. A instalação doprocesso <strong>de</strong> auditoria <strong>por</strong> amostragem é eficiente para monitorar o grau <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> das anotações <strong>de</strong> enfermagemreferente à administração <strong>de</strong> medicamento. O projeto po<strong>de</strong> ser replicado para outras enfermarias. O processo <strong>de</strong>administração <strong>de</strong> medicamentos é extenso, e além <strong>de</strong> intervenções educativas, <strong>de</strong>ve-se investir em tecnologias, como ummelhor sistema <strong>de</strong> prescrição médica, carrinho <strong>de</strong> medicação para cada profissional, possibilitando o cuidado integral echecagem eletrônica.87