Literatura: uma ilustre parceira nas aulas de CiênciasNa história do ensino brasileiro, existe a tradição de direcionar textos literários para aulasde Língua ou Literatura e de não utilizá-los em aulas cujo tema seja, por exemplo, Ciências.Talvez, você se pergunte: “mas que ligação existe entre Literatura e Ciências?” Nada melhorpara responder a esse questionamento do que a lembrança de textos literários que vocêaprecie. Digamos que você goste de romances policiais. Neles, a Ciência costuma ser de enormeimportância: é com a ajuda de métodos científicos, como o exame do sangue encontrado emum tapete, que muitos detetives costumam desvendar os mais misteriosos crimes. Se prefereficção científica, está diante de um manancial de temas interessantes para trabalhar em aula.Falando em manancial, problemas ambientais aparecem com frequência em contos, crônicas eromances.“Ora”, você pode dizer, “até aqui, tudo bem; mas e quanto a poemas?” Sugiro-lhe, então,que leia o poema “Lágrima de preta”, do escritor português António Gedeão. Nele, o eu-líricoexamina cientificamente a lágrima de uma mulher negra e conclui: “Nem sinais de negro, / nemvestígios de ódio. / Água (quase tudo) e cloreto de sódio.”. Que bela lição, em vários sentidos,não?“Muito bem”, diz você, “mas a linguagem da Ciência é outra!”. Concordo. A linguagem literáriaé alusiva: a palavra “estrela”, num poema ou num romance, pode referir-se a uma mulher,a um sorriso, a múltiplos sentidos. Já os textos científicos, como relatórios e artigos, buscam aobjetividade, a clareza. Num livro de Ciências, “estrela” certamente terá significado associadoao de corpo celeste.Embora haja diferenças entre a linguagem científica e a literária, existem também algumassemelhanças entre ambas. Bons cientistas e bons escritores têm algo em comum: conhecemmuito bem a língua que usam. O domínio da linguagem permite escolher as palavras e a organizaçãotextual mais adequadas para expressar determinada ideia em um contexto específico.Além disso, tanto cientistas como escritores costumam usar técnicas de narração, descriçãoe argumentação em seus trabalhos. Em um relatório científico, é preciso narrar e descrevercom precisão como uma experiência foi realizada; também é necessário dissertar a respeito deseus resultados. Já num texto literário em prosa – e mesmo em alguns poemas – um escritordeve saber narrar bem uma história, descrever personagens e cenários, usar argumentos.Aprender a reconhecer e a ler as diferentes linguagens usadas em obras literárias e científicase acentuar suas semelhanças é de enorme importância para que seus alunos pensem nascomplexidades da vida e do mundo e apreciem suas belezas. Você pode guiá-los nesse aprendizadofranqueando a entrada da Literatura em suas aulas de Ciências.Cilza BignottoProfessora de Literatura Brasileira e Teoria Literária no curso de Letras daUniversidade Federal de Ouro Preto (Ufop). É autora de artigos e coautora de livrossobre Literatura, dentre os quais Monteiro Lobato livro a livro (2009).
o1anNessa fase, o leitor se benefi cia com experiências de socializaçãoe de práticas variadas com a linguagem oral e escrita.Vivências culturais diferenciadas levam a criança a adquirirconfi ança e ampliar seu conhecimento de mundo, tornando-semais independente. Dessa forma, ela vai aos poucos desenvolvendoe incorporando a capacidade leitora. Tal processo deveacontecer de maneira natural, com a oferta de livros divertidos,leituras estimulantes e sempre bastante associados ao brincar eao prazer da descoberta.