Livro Caminhos

Caminhos
Em contrapartida a polícia fazia a sua parte, e prendia na favela os dois ex-comparsas de Raul,
enquanto Otto que já havia percebido anteriormente, toda a movimentação de policiais à paisana, vivia
camuflado entre os moradores da localidade, e assim que soube das duas prisões, se refugiou novamente
em seu esconderijo.
Ao chegar na delegacia, tanto Militão como Situação, foram encaminhados para uma pequena sala,
onde aguardaram a chegada do advogado, e cada qual foi ouvido separadamente, sobre o caso do
assassinato de Nicolas, onde orientados pelo seu magistrado, responderam com muita cautela e com
poucas palavras, todas as perguntas realizadas pelo delegado Siqueira, e como haviam sidos
surpreendidos pelos investigadores, portando uma certa quantia em dinheiro e drogas, foram decretadas
suas prisões por tráfico.
Mais uma vez Otto se safava, a questão era até quando duraria esta impunidade, porque certamente ele
não abandonaria a vida criminosa, e a pura demonstração deste fato, foi quando ele se sentindo seguro
para sair, procurou imediatamente recrutar novos trabalhadores, pois o negócio das drogas não podia
parar.
Por volta das dez e meia, Marina chegou defronte ao portão da mansão, e foi logo tratando de fazer
contato, com algum morador da propriedade, na tentativa de um auxílio, para resolver parte de seu
problema, mas vendo que os seguranças do lado de dentro, ficaram parados e sem ação, começou a
gritar bem alto para todos ouvirem, o seu apelo de ajuda e necessidade.
Do lado de dentro, todos escutaram os apelos da moça, inclusive Nathan, que acabava de descer para o
café, e havia topando de frente com Murilo, e ambos querendo entender todo este tumulto, que vinha do
lado de fora, caminharam rapidamente até o jardim central, onde o empresário acabou vendo, de quem
realmente se tratava.
Ao ver Nathan de longe e bem vivo, os seus gritos se cessaram completamente, e tentando se segurar
na grade do portão, ela que já se encontrava abatida, e com o corpo demasiadamente enfraquecido,
desabou ali mesmo, vindo a desmaiar na frente de todos.
Os primeiros a socorrerem a moça caída no chão, foram os dois seguranças que estavam próximos ao
portão, e tanto Nathan como Murilo, também correram até a entrada para ajudá-la, e por ela permanecer
desacordada, eles a levaram para dentro com todo o cuidado, iniciando uma tentativa de faze-la voltar a si.
Quando Murilo já fazia a ligação para a emergência, por ela não ter respondido pelos chamados, Marina
foi aos poucos recobrando a sua consciência, e amparada por Iris que se fazia presente, se sentou e olhou
fixamente para Nathan, que dispensando os seguranças, tratou logo de explicar tudo a moça.
– Eu não morri naquele atentado a bomba, e como pode ver estou bem vivo!
– Eu não entendo, estou muito confusa, o meu pai está entre a vida e a morte, entubado em um leito de
hospital, sem falar que nós dois, estamos entre os principais suspeitos de sua morte, inclusive todos os
nossos bens financeiros, estão bloqueados e indisponíveis para o uso, e tudo isso praticamente por sua
causa, que espécie de pessoa é você, afinal de contas, com que tipo de gente se envolveu?
– Primeiramente pelo que me recordo, foi vocês mesmos que me procuraram, e insistiram em entrar aqui
para catalogar as obras, e eu lhe faço a mesma pergunta, no que é que estão metidos, ao ponto de seu
pai se encontrar nesta situação, ao qual acabou de nos contar agora?
– Não tente reverter a conversa a seu favor, aliás nem sei porque estou aqui, preciso ir embora agora!
– Vamos procurar nos acalmar um pouco, todos ficamos nervosos com esta sua agitação, mas o que
pretendia fazer, derrubar os portões com as próprias mãos?
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