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<strong>Caminhos</strong><br />
– Eu vim do Rio de Janeiro para cá com meu namorado, a minha família foi contra o tempo todo, pois já<br />
haviam percebido que ele não prestava, enquanto eu que estava totalmente apaixonada, não enxergava<br />
nada pela frente, a não ser a ilusão de ser feliz ao seu lado.<br />
– Continue, você deve desabafar tudo, vai lhe fazer bem!<br />
– Depois que chegamos, ele me levou junto para morar de favor, com um suposto amigo dele de<br />
infância, no início eu via aquela movimentação entre eles, muitos cochichos pelos cantos da casa, que era<br />
bem pequena, e não percebia nada, ele me comprava muitas roupas, e não deixava me faltar nada, eu<br />
acreditava que gostava mesmo de mim.<br />
– E o que aconteceu depois?<br />
– Houve uma briga por causa de dinheiro, eles acharam que eu não estava em casa, e por<br />
detrás da porta, eu ouvi toda a discussão, que era sobre uma quantia muita alta, que meu namorado havia<br />
pego emprestado, para poder comprar muitas drogas, com a intenção de revende-las a usuários, mas algo<br />
acabou dando errado na transação, e ele acabou perdendo quase tudo, e com isso não tinha como repor<br />
todo esse dinheiro, que havia pego deste seu companheiro, e depois de alguns empurrões, socos, e<br />
pontapés, houve alguns disparados de revolver, e ao sair do quarto, vi que ele havia matado o Junior, meu<br />
querido e amado namorado.<br />
– Minha nossa, deve ter sido uma cena terrível e traumatizante!<br />
– Na hora minhas pernas bambearam, e eu não consegui ter reação alguma, o cara me pegou pelo<br />
braço, me amarrou na cama, e colocou um pano dentro da minha boca, para que eu não gritasse por<br />
socorro, e bem na minha frente, ele ligou para um comparsa seu, pedindo ajuda para remover o cadáver,<br />
e dar sumiço em seu corpo.<br />
Ao contar os fatos, Elisa se emocionou muito, e lágrimas corriam pelos ferimentos em seu rosto, ele se<br />
levantou rapidamente, pegou um lenço em uma das gavetas da cômoda, e fez com que ela retornasse a<br />
posição anterior, se sentando junto a ele na beira da cama, e com todo o cuidado necessário, começou a<br />
enxugar todo o seu rosto, que já se encontrava todo molhado, e foi compreensivo com ela.<br />
– Se quiser parar por aqui, não tem problema algum, outro dia você termina de contar a sua história.<br />
– Não eu vou falar tudo, tenho de tirar este nó, que está entalado em minha garganta!<br />
– Tudo bem, respira fundo e continue, não tenha pressa.<br />
– Ele me deixou trancada por muitos dias, só me levava o que comer e beber a noite, o resto do dia eu<br />
ficava amarrada, o meu banheiro era a própria cama, e eu tinha que conviver com tudo isso, ao ponto de<br />
chegar a pensar seriamente, em tirar minha própria vida, até que um certo dia, ele mesmo não suportando<br />
mais o mal cheiro, que estava dentro daquele quarto fechado, me desamarrou, rasgou toda minha roupa, e<br />
me jogou dentro do chuveiro.<br />
– E ele chegou a te bater?<br />
– Até aquele momento não, como não havia me dado uma toalha, tive que sair totalmente nua, ele me<br />
pegou pelo braço, levou até o outro quarto, e acabou me pegando a força, e além de me estuprar, me<br />
obrigou a ingerir drogas, me levando a perder todos os meus sentidos, e ele provavelmente pôde fazer, o<br />
que quisesse comigo, foi assim dia após dia, até que em um deles, eu consegui escapar de lá, me<br />
aproveitando de um descuido da parte dele, assim passei algumas semanas nas ruas, e tive que me<br />
prostituir para poder sobreviver, também passei e me drogar diariamente, para suportar toda esta situação,<br />
mas ele acabou me encontrando, e querendo me levar de volta a força, eu resisti, e ele acabou me<br />
batendo, o resto você já sabe, foi o dia que me achou caída no estacionamento.<br />
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