Livro Caminhos

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Caminhos
Tanto Militão como o Situação, mantiveram firmes seus depoimentos anteriores, afirmando que não
participaram da ação final, e que Raul havia ficado a sós com Nicolas, procedendo a sua execução como
acerto de contas.
Por outro lado, Raul continuou afirmando veemente, que era inocente quanto ao fato de matar o jovem,
que não estava presente no momento dos tiros, e que havia dado aos dois empregados, apenas ordens
para dar uma boa lição, para tentar receber a dívida das drogas consumidas, ou seja, até aquele presente
momento, tudo permanecia inalterado como no princípio.
Mas os investigadores tinham um trunfo em mãos, e esperariam o momento certo para expô-lo aos
interrogados, e neste exato momento, se iniciava a verdadeira acareação, onde todos os acusados seriam
colocados frente a frente, e sob um clima extremamente tenso, as conversas se iniciaram, dirigidas pelo
delegado Siqueira.
– Senhor Militão, por favor, conte novamente a todos os presentes, o que realmente houve
naquela fatídica noite?
– Como eu já disse antes para todos vocês, nós seguimos ordens de nosso antigo chefe, e fomos buscar
o rapaz que estava caído no chão, ele estava bastante chapado, e mal conseguia parar em pé, e também
não falava coisa com coisa, aí deixamos ele na porta do nosso esconderijo, e no dia seguinte ficamos
sabendo que ele tinha morrido.
– Confirma sua afirmação anterior, de que o entregou nas mãos do senhor Raul?
Antes de responder esta última pergunta, ele olhou primeiramente para o companheiro, e depois com
todo o cuidado, olhou discretamente para o seu antigo chefe, que estava do outro lado da sala, e
visivelmente desconsertado voltou a falar:
– Sim, acho que foi isso mesmo, deixamos ele com o Raul!
O delegado olhou para os investigadores, pois este era o momento principal, onde ela arrancaria a
verdade dos meliantes.
– Agora vamos ao outro suspeito, senhor Situação, estava presente neste momento da entrega, quando
o jovem Nicolas foi deixado para o acusado?
– Estava sim senhor!
– E confirma tudo o que o seu companheiro afirmou?
– Afirmo sim senhor, tudinho!
– Pois bem, antes de prosseguirmos com esta acareação, que fique bem claro a todos os três
envolvidos, que ambos serão indiciados por suas participações, mesmo que tenham sidos indiretas ao
assassinato, e cada qual prestará suas contas a justiça, mediante a sua parcela de culpa no ocorrido, e
agora daremos a palavra ao senhor Raul, que terá a oportunidade de contar a sua versão do fato.
Raul se aproximou, se sentou no lugar que estava o outro acusado, e iniciou a sua breve defesa,
argumentando ao delegado:
– Eu quero mais uma vez lembrar ao doutor delegado, e a todos os investigadores presentes aqui, que
eu me apresentei de livre e espontânea vontade, e que nunca omiti a verdade dos fatos, de que havia
dado ordens a estes dois emprestáveis, para dar um sacode, uma lição ao garoto pelas dívidas
acumuladas.
– Estamos cientes destes fatos, por favor prossiga.