Livro Caminhos

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Caminhos
A madrugada estava chegando, e um longo dia terminava, mais uma página na vida de cada pessoa,
havia sido escrita e autenticada, com suas escolhas, suas decisões, traçando os seus caminhos.
Amanheceu e os paulistanos iniciavam mais um dia, entre filas, correria, e transito muito pesado, havia o
orgulho no ar de que São Paulo, é o berço dos maiores negócios da América Latina, e já bem cedo
o diretor Vasques, já havia chegado na empresa Etros, e com toda precaução, falava com alguém no
telefone, aparentemente muito importante para ele.
– Não tenho boas notícias para lhe dar, ele veio aqui ontem e parece recuperado, eu receio que deva
retornar em breve, voltando a ocupar o cargo da presidência.
Do outro lado alguém desconhecido, se contorceu com a notícia, e com tom extremamente sério,
respondeu esbravejando:
– Eu já previa por isso, afinal toda a operação foi um total fracasso, agora eu lhe pergunto, o que
pretende fazer para resolver esta questão?
– Já estou pensando em um novo plano, mas preciso de mais tempo para planeja-lo, primeiramente eu
preciso saber, do que ele realmente se lembra, ou se desconfia de algo sobre o acontecido, obtendo estas
respostas poderei me preparar, e executar uma ação infalível!
– Está bem, mas temos que agir rapidamente, e não aceitarei mais falhas de sua parte, resolva isso
logo!
Ele colocou o telefone no gancho, abriu uma gaveta que era trancado a chaves, e retirou uma agenda
preta, onde fez algumas anotações rápidas, após isso a trancou novamente, e voltou para a sua rotina,
agindo como se nada tivesse acontecido, mas não restava dúvidas, que por detrás alguém lhe dava
ordens.
Na favela o dia começou movimentado, com a viagem de Letícia para a França, as tarefas da Ong
ficaram divididas, para Dulce que era a coordenadora, e para Amanda que também era professora.
As crianças chegaram pontualmente, e foram diretamente para o refeitório, onde eram servidos o café
da manhã, antes de iniciarem as atividades do dia, Gabriel que nunca perdia a aula, procurou saber
notícias de Nathan e Letícia, e depois se juntou com as outras crianças, que já entravam na sala de
estudos.
Como de costume, havia também nesta imensa favela, outro tipo de movimentação, que era operado
pelo bando de Raul, onde Otto e seus dois comparsas, visitavam os pontos de jogos e entorpecentes,
recolhendo o dinheiro arrecadado do dia anterior, e apesar de Militão e Situação, parecerem totalmente
lesados, eles até que eram bem responsáveis e obedientes, sempre seguindo à risca as ordens do chefe.
Otto por sua vez, ficava de longe observando tudo, se assegurando que nem a polícia, e nem
integrantes de outros bandos, estavam nas redondezas para atrapalhar os negócios, e como sempre ele
pegava escondido, uma boa parte dos rendimentos, que ia para o seu próprio bolso, levando apenas o que
restasse para Raul, que até então não desconfiava de nada, e assim todas as pessoas, tudo na
comunidade, seguia a sua rotina de sempre.
Nathan conversava por telefone, todos os dias com a namorada Letícia, apesar de não poder se lembrar
de detalhes, deste relacionamento anterior ao seu acidente, a paixão o invadia com todas as forças, e
mesmo carregando consigo muitas dúvidas, tomou repentinamente a decisão de ir até a França, e também
resolveu não comunicar a ninguém, nem mesmo a ela.
Caio já havia mencionado, que a empresa mantinha dois jatinhos próprios, que estavam sempre
preparados no aeroporto, e antes que o amigo se levantasse, arrumou rapidamente uma pequena
bagagem, e pediu que Moreira o levasse ao aeroporto.