Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Caminhos</strong><br />
– Meu caro jovem, eu não gosto de me intrometer na vida dos moradores, mas não pude deixar de<br />
perceber a cena de agora a pouco, não ligue muito para as atitudes da garota Vanessa, ela evita mesmo o<br />
contato com todos por aqui, é porque ela se encontra muito doente, e procura se distanciar das pessoas,<br />
principalmente daquelas que demonstram ter pena dela.<br />
– Eu percebi mesmo que não estava bem, qual o problema dela Xavier?<br />
– Infelizmente é um câncer em fase terminal, ela nem está mais se tratando, acabou desistindo de tudo,<br />
até da própria família!<br />
– Valeu por me contar, eu havia tido uma outra impressão dela, eu acho até que compreendo sua atitude<br />
agora!<br />
– Bom eu já vou indo, preciso descansar um pouco, porque hoje foi um longo dia, boa noite!<br />
– Boa noite, bom descanso!<br />
O rapaz até que havia percebido a frágil aparência da jovem, mas agora sabendo de seu problema,<br />
passava em sua mente contar tudo a ela, que ele também era uma pessoa doente, e com isso tentar de<br />
alguma forma ajuda-la, mas o que ele não sabia, é que isso seria uma missão quase impossível, pois ela<br />
realmente não se abria com mais ninguém.<br />
Sentada em sua cama, Vanessa aplicava em si mesma, uma de suas doses diárias de morfina, era um<br />
dos raros momentos do dia, ao qual ela podia conviver sem as dores sufocantes, que atacavam todo o seu<br />
jovem e já esgotado corpo, pois a doença já havia se espalhado por toda parte.<br />
Restava-lhe somente fazer uma pequena prece, ao qual buscaria forças para realiza-la, e ao se deitar na<br />
cama, cobrindo parcialmente o corpo dolorido, elevou seus pensamentos ao céu e ao infinito, apelando a<br />
quem pudesse ouvir as suas súplicas, pedindo simplesmente que um anjo, viesse em seus sonhos mais<br />
profundos, a tocasse com as suas mãos, e a levasse embora para sempre deste mundo, para assim poder<br />
ficar totalmente livre, de todo este pesado fardo que carregava.<br />
No início da madrugada paulistana, Alba e Iris finalmente chegaram do teatro, e devido ao extenso<br />
transito que enfrentaram, elas levaram mais de duas horas, para concluírem o trajeto e retornarem para<br />
casa, enquanto uma estava eufórica pelo espetáculo assistido, a outra estava aparentemente aborrecida,<br />
porque provavelmente seria cobrada pelo seu chefe, sobre os planos que tinham para aquela noite, que<br />
era iniciar a sedução de Nathan, conquistar sua confiança, e descobrir onde ele guardava as relíquias, que<br />
eram o alvo de toda esta grande armação.<br />
O Empresário que havia chegado um pouco mais cedo, trancou a porta de seu quarto, ligou o som em<br />
volume baixo, e se deitou na cama pensativo, repassando em sua mente todo aquele intenso dia, foi<br />
quando tocou uma canção no rádio, que o fez lembrar prontamente de Letícia, a doce e antiga melodia, se<br />
misturou as memórias dos dias passados em Angra, principalmente daquela última tarde, ao qual<br />
passearam juntos de lancha, e o romantismo predominou entre os dois amantes, mas não demorou muito,<br />
e ele veio a adormecer pelo cansaço.<br />
Aquela fria madrugada, foi uma das mais longas para Marina, que também se recolheu com<br />
pensamentos diversificados, entre o pai em recuperação no hospital, e todo o auxílio que Murilo, e<br />
principalmente Nathan, haviam plenamente dispensados a ela, mas aos poucos o sono foi chegando, e ela<br />
finalmente conseguiu dormir.<br />
Amanheceu um domingo chuvoso na capital, Murilo havia acordado bem cedo, e acompanhou Iris e Raul<br />
no café da manhã, ela ainda estava maravilhada pelo passeio ao teatro, enquanto o marido ouvia tudo e<br />
guardava silêncio, ele sabia bem que aquele não eram o mundo deles, e que mais cedo ou mais tarde,<br />
eles deveriam tomar seus próprios caminhos, e voltarem para a vida real.<br />
150