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– Vício, o médico da clínica me disse, que ela estava drogada naquele dia, e como ela ficou sem as<br />
drogas, a pelo menos dois dias, ela tentou suprir essa falta através da bebida.<br />
– Cruz credo, eu hem, tanta coisa boa que tem para aproveitar na vida, e ficam aí se acabando com<br />
essas porcarias todas!<br />
– Tem toda a razão, nada justifica tais atitudes, mas vamos agir com cautela, não vamos julgar a<br />
moça sem conhecimento de causa!<br />
40<br />
<strong>Caminhos</strong><br />
Ela concordou com as palavras do advogado, ele estava acostumado a ver casos parecidos, em sua<br />
rotina diária de trabalho, e também sabia como proceder em casos assim, o melhor agora era deixar Elisa<br />
repousar, e a mais tarde voltaria para argumentar o fato.<br />
Perto das dezenove horas, ele ordenou a empregada, que servisse ali no quarto mesmo, uma refeição<br />
mais leve, com certeza depois da bebedeira, o estomago de Elisa deveria estar bem enjoado, e ela<br />
precisava muito se alimentar, porque ainda se encontrava em recuperação, das lesões que havia sofrido, e<br />
depois se certificando que já havia se alimentado, a procurou para uma conversa amena.<br />
– Está se sentindo melhor?<br />
– Estou sim, me desculpe por toda esta confusão que causei, prometo que não faço mais isso!<br />
– Fica tranquila, o mais importante agora, é que você repouse bastante, amanhã cedo vamos a clínica<br />
trocar os curativos, e depois precisamos muito dialogar, sobre tudo o que se passa com você.<br />
Ela fez um sinal com a cabeça, concordando parcialmente com ele, porém havia um medo em seu olhar,<br />
ela parecia muito determinada, a não querer tocar neste tipo de assunto.<br />
A noite parecia ter sido mais longa, havia muitas expectativas para o dia seguinte, até que os sons da<br />
grande cidade, percorrendo todos os cantos, anunciava o novo amanhecer que surgia, era Sábado e<br />
estava chuvoso, e conforme combinado, Letícia passou logo cedo para pegar Nathan, ela iria acompanhalo,<br />
até o consultório do doutor Estevam, que o atenderia pelo pedido realizado, em caráter especial no dia<br />
anterior, era formalizada assim a segunda sessão.<br />
Letícia ficou sentada na sala de espera, tentando se distrair lendo uma revista, enquanto Nathan era<br />
preparado para o início do tratamento, por padrão o médico fazia perguntas, preenchia um formulário no<br />
computador, e dava seguimento ao procedimento, colocando o paciente deitado na maca, com uma<br />
música bem suave de fundo, e lhe explicando como seria.<br />
– Hoje além do tratamento, vou fazer um teste com você, é algo que desconfiei na primeira sessão, e<br />
pretendo hoje tirar esta dúvida.<br />
– É algo com que eu deva me preocupar?<br />
– De forma alguma, pode ficar tranquilo, na verdade é algo muito importante, que pode ajudar no seu<br />
tratamento, agora relaxe, respire bem fundo, e feche os seus olhos, no final conversaremos.<br />
O paciente seguiu todas as orientações, e sem muita demora, seus pensamentos foram se distanciando<br />
dali, onde novamente ele se viu sozinho, naquele estranho e pequeno riacho, rodeado por diversas pedras<br />
e arvores, onde voltou a sentir aquela imensa vontade, de tentar atravessa-lo, desta vez não hesitou<br />
muito, colocou os pés nas águas límpidas, e percebeu que não era medo que sentira anteriormente, mas<br />
uma grande e devastadora angustia, que vinha lá no fundo de seu peito, e isso o perturbava.<br />
Mesmo com este forte sentimento, iniciou a curta travessia com precaução, e chegando ao outro lado,<br />
ele notou que havia uma pequena trilha, onde a seguiu até sair em um descampado, avistando ao longe, o<br />
que parecia ser um pequeno povoado.