Livro Caminhos

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Caminhos
Desta forma, o desjejum tomou outros ares, e ao seu final, seguiram diretamente para o condomínio,
onde pretendiam passara boa parte do dia, sendo que durante o percurso, Raul até tentou falar com Iris,
que não o destratou, porém manteve a frieza que a situação exigia, demonstrando que estava muito
magoada, pelo que o marido havia feito.
Do outro lado da metrópole na favela, por se tratar de um dia de sábado, muitos saíram às ruas para
seus afazeres, inclusive o pessoal da ONG, estavam a todo pique, pois era o dia da garotada baterem
uma bola na quadra, e as meninas brincarem de boneca na sala de jogos, e entre um intervalo e outro, as
professoras trocavam algum diálogo, e Dulce olhando a sua volta comentou com Amanda:
– Até que o dia não está tão ruim, achei que ia chover e estragar a diversão das crianças.
– Eu também, mas creio que o tempo vai melhorar, dá para ver o tempo limpando no horizonte, até já
estou com calor, mas mudando de assunto, teve notícias da Letícia?
– Falei com ela na quinta-feira, mas parece estar toda cheia de mistérios, bem diferente da Letícia que
conhecemos, ela me pareceu fria, sabe quando a pessoa não está bem, e deixa este sentimento
transparecer nas palavras?
– Sei sim, acha que ela e o Nathan terminaram, ela disse algo a respeito?
– Procurei não ficar fazendo muitas perguntas, apenas questionei quando ela volta, e pela sua resposta
dá para imaginar, que as coisas entre eles não estão muito bem.
– Creio que deva estar pesando muito, as decisões e opiniões de seus pais, certamente por tudo o que
ela passou, e quando ela disse que volta?
– Falou meio por cima, que somente após o tratamento que tem de fazer, é tipo consultas pós sequestro,
um psicólogo vai avaliar o quanto isso a afetou, e pelo jeito ela ainda não assimilou o fato, e talvez nem vá!
– Vamos torcer para que ela se recupere logo, e volte para junto de nós, precisamos muito dela aqui ao
nosso lado, faz muita falta!
Elas se deram um abraço, sentindo na pele o que a grande amiga estava passando, e depois retornaram
as suas atividades, até perto da hora do almoço, onde as crianças fizeram a merenda, e foram
dispensadas da instituição, retornando aos poucos as suas casas.
Por volta do meio dia, Nathan e companhia, chegaram nas dependências do condomínio, e foram muito
bem recebidos pelos moradores, que enxergavam nele uma pessoa bondosa e de palavra, pois estava
cumprindo tudo o que havia prometido, e em anos, a vida nunca foi tão boa naquele lugar.
Mas ao caminhar entre a entrada e obra da piscina, ouviu pessoas murmurarem e reclamarem muito, de
um barulho alto de música, que vinha do lado oeste da propriedade, eram alguns jovens tocando seus
instrumentos, e isso como sempre gerava, conflitos prós e contras este ensaio.
Enquanto Iris e Gabriel foram, até os brinquedos do parquinho, Nathan sempre acompanhado de perto
por Raul, e mais dois seguranças que observavam de longe, foi na direção da música que se ouvia, até
chegar a uma garagem de um dos apartamentos, e se admirou com a improvisação dos rapazes, que a
transformou em um pequeno estúdio.
Ao perceberem a presença do empresário, eles até começaram a parar de tocar, mas com um gesto
feito com as mãos, Nathan deu a entender a eles todos, que continuassem com a canção, isso porque
havia muitos ali acompanhando de perto, que certamente eram amigos e parentes dos músicos.
Uma cadeira foi oferecida a ele, que educadamente se sentou, e nitidamente pareceu muito interessado,
apreciando todo aquele movimento, foi como se ele estivesse em um outro mundo, bem diferente do que