Livro Caminhos

Caminhos
– Que bom que você atendeu, você sumiu e não deu notícias, o que houve?
– Quase uma tragédia, estou em um hospital.
– Eu sei disso, mas em qual hospital se encontra, porque eu estou aqui no do convênio, e não encontrei
nenhuma informação a seu respeito.
– Você está aqui, como me achou?
– Isso não importa, estou na sala de espera, preciso muito saber o motivo de seu sumiço, e o que
realmente aconteceu.
– Eu estou em um quarto no segundo andar, espere um minuto que eu descer aí.
Não demorou muito, e ela chegou onde Murilo se encontrava, estava aparentemente muito abatida, e ele
até fez uma tentativa de abraça-la, mas ela se esquivou e se sentou por ali mesmo, pedindo para que ele
também se sentasse, para que assim pudessem conversar.
– Vai me dizer o que ocorreu, alguém da sua família ficou doente?
– É a Talita, ela tentou cometer suicídio ontem.
– Minha nossa, como e porque isso aconteceu?
– Depois que sai do seu apartamento, eu fui direto até a casa dela, e como eu passei a noite com você,
e percebendo esta minha ausência, ela tinha me procurado a noite toda, haviam inúmeras ligações
perdidas no meu celular, e eu precisava lhe dar algum tipo de explicação, estava decidida a terminar tudo
com ela.
– E pelo jeito ela não reagiu bem a essa conversa!
– Como pode ver, é claro que não aceitou este fato, a princípio ela chorou muito, depois ficou perturbada
e muito furiosa, a ponto de me dar um tapa no rosto, surpreendida com aquela cena eu fui embora, pois
não havia mais clima para diálogo algum, mas ao sair eu disse que voltaria mais tarde, quando ela
estivesse mais calma para conversarmos, mas quando retornei depois do almoço, a encontrei caída no
chão da sala.
– Mas o que ela fez, tomou algum tipo de medicamento forte?
– Antes fosse, ela cortou os pulsos com uma faca, e acabou perdendo muito sangue, se eu não
chegasse naquele momento, aconteceria o pior, ela morreria ali mesmo largada no chão, e no desespero
eu acabei gritando muito, foi onde um vizinho ouviu e me ajudou a socorre-la, pegamos ela, colocamos no
carro, e a trouxemos até aqui no hospital.
Ele ficou pasmo com o que havia escutado, como pode alguém chegar a um ponto destes, de atentar
contra a própria vida, e após alguns minutos de silêncio, ele tornou a dialogar com ela:
– Não sei nem o que te dizer, mas podia ter me ligado e avisado, não precisava passar por tudo isso
sozinha!
– Sei que poderia contar com você, mas agora eu preciso muito que se afaste, estou novamente muito
confusa, você sabe da minha história com ela, e do enorme carinho que mantemos, de como ela sempre
me ajudou e apoiou, e se chegou ao ponto de cometer este ato, pode facilmente tentar novamente, por
isso eu tenho que ficar ao lado dela, para que isso não torne mais a acontecer!
– Olha, eu entendo tudo isso que me falou, mas acho uma atitude desnecessária, como a gente fica?
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