Livro Caminhos

Caminhos
• Capítulo 73 •
Parker a princípio achou, que pudesse ser algum tipo de truque, ou até mesmo um plano dela em
se disfarçar, mas essa sensação durou poucos segundos, e percebendo que se tratava de algo bem real,
procurou por explicações.
– O que houve com você, por acaso ficou doente?
– Nunca parou para pensar, ou ao menos se questionou, a causa de minha busca desenfreada, a estas
relíquias antigas?
– Muitas e muitas vezes, mas você sempre esteve tão obcecada, passando por cima de tudo e de todos,
que acabei acreditando que se tratasse de um vício, de algo que lhe completava o seu ego, e mesmo
tendo ouvido boatos absurdos, a respeito destas pedras brilhantes que procura, eu achei melhor ficar na
minha.
– Eu aprendi a não confiar em ninguém, mas em todos estes anos de minha vivência, você foi o único
que realmente se dedicou a mim, por isso vou lhe contar toda a verdade!
Ele nem a reconheceu diante as palavras, pois toda aquela pose de pessoa dura e cruel, desapareceram
mediante a sua fragilidade, e aos poucos e com muito jeito, contou a ele que era uma caminhante de
longas jornadas, e que tinha centenas e centenas de anos, só se encontrando viva e aparentemente
conservada, justamente por causa da energia dos cristais.
Ainda sem acreditar no que havia escutado, ele pegou nas mãos de Heloise, e procurou olhar dentro de
seus olhos, na tentativa em vão de enxergar algo, que estava tão explicitamente exposto, em toda face
esquerda de seu rosto, só compreendo totalmente o fato, quando ela lhe mostrou a última relíquia em sua
posse, que era a que tinham tirado de Caio no cativeiro.
E ali bem diante de seus olhos, ela utilizou em parte aquela energia armazenada, recuperando em
poucos minutos a sua vitalidade, a transformando de volta com a sua beleza e aparente juventude, tendo a
plena consciência de que a energia estava no fim, e que teria de ir em busca de mais, e assim Parker
compreendeu tudo, inclusive o porquê da busca pela fonte, para que ela nunca mais precisasse, correr
atrás das migalhas espalhas pelo mundo.
Já era madrugada no Brasil, e como Nathan ainda não havia dado notícias, Iris foi até o seu quarto no
hotel, enquanto Raul e Gabriel dormiam profundamente, e após bater em sua porta, aguardou por um
determinado tempo, até que o empresário a atendeu.
– Oi Iris, aconteceu alguma coisa?
– Desculpe a hora avançada, mas estava preocupada com você, porque o porteiro nos contou que havia
chegado mais cedo, mas como não nos procurou para conversar, achei que estivesse com problemas,
tudo bem com você?
– Entre, vamos conversar lá dentro, eu preciso mesmo desabafar.
– Pelo seu semblante algo sério ocorreu, você aparenta estar muito tenso e nervoso, tem alguma coisa a
ver com os criminosos?
– Também, mas eu não procurei por vocês antes, porque precisava pôr os meus pensamentos, e minhas
lembranças em ordem, e depois de algumas horas, procurando encaixar todas as peças, me sinto
preparado para me abrir com alguém, e nada melhor que ser contigo, te considero uma grande amiga e
aliada.
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