Livro Caminhos

Caminhos
• Capítulo 13 •
Os primeiros fogos de artifício anunciavam, a proximidade do ano novo, a música parou, cada um pegou
uma taça de champanhe, e todos foram chamados a participar da contagem regressiva.
– Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um... Feliz Ano Novo!
Terminava mais um ano, ficava para trás alegrias ou tristezas, vitórias ou derrotas, realizações ou
frustrações, acima de tudo o mais importante agora, era começar o novo ano com pensamentos positivos
e construtivos, e continuar escrevendo as páginas na história de cada um.
A festa deu seu prosseguimento com muitos fogos, e conversas regadas a comida e muita bebida,
Vasques fez questão de ir até a mesa e cumprimentar o casal, ele até chegou a ser convidado para se
juntar a eles, mas já em tom de despedida, alegou uma reunião familiar que o aguardava.
Letícia aceitando um convite de duas amigas, foi se divertir na pista de dança, além de dançar muito
bem, ela conseguia sempre atrair a atenção de todos, por conta da sua beleza estonteante, enquanto Caio
e uma garota que o acompanhava, conversavam descontraidamente com Nathan.
– É meu amigo, ainda bem que este ano difícil acabou, você está aqui conosco, se recuperou bem
do acidente que sofreu, agora é continuar pelos caminhos que nos aguardam!
– Você sempre cita esta palavra "caminhos", ela me soa bem familiar, tem algum significado especial?
– Tem sim, de momento lhe posso adiantar, que tem a ver com o nosso passado, porém é um assunto
muito delicado, que necessita primeiramente da sua melhora, eu creio que logo teremos esta
oportunidade, mas até lá não se preocupe, é algo para resolvermos com bastante calma.
– Tudo bem, tem me apoiado e ajudado muito, vou fazer como me pede, aguardarei até que tenha
condições de assimilar tudo, quem sabe depois da terceira seção do tratamento, não acha?
– É quem sabe, agora vamos fazer mais um brinde, ao futuro que nos aguarda!
Letícia acabava de retornar a mesa, e a tempo de participar do brinde proposto pelo amigo, porém
notava nele um olhar fixo em sua pessoa, mas era de um jeito indecifrável, não sabia se ele secretamente
mantinha algum interesse por ela, ou se era algum tipo de ciúmes do próprio amigo, mas ela pretendia
futuramente investir a fundo, para tentar descobrir esse ponto de interrogação, chamado Caio.
Na mansão, Gabriel havia ido até a sacada do quarto, onde estava acomodado com a mãe, para ver os
fogos do ano novo, ele achou tudo muito diferente, do que estava acostumado a ver na favela, ao perceber
que havia terminado, Iris o chamou para dentro, e ambos carregavam em seu semblante, uma tristeza
profunda de um futuro incerto, que provavelmente encontrariam pela frente, tudo isso juntado a saudades
do companheiro, e do pai que sempre esteve presente.
Também se encerrava em toda a favela, com uma menor proporção de comemorações, a sua queima de
fogos, Otto juntamente com seus dois comparsas, já davam as caras pelas redondezas, enquanto Raul se
encontrava solitário em seu esconderijo, e estava fixamente pensando em uma maneira de sair, de toda
desta enrascada que havia se metido, principalmente pela perda temporária de sua família, ele tinha muita
vontade de resolver toda esta situação, mas de qualquer maneira, teria de abrir mão de uma das partes
envolvidas, ou a família ou a bandidagem.
Na Casa do advogado, Elisa havia se recolhido logo após o jantar, solitário e muito pensativo, Arthur foi
até a sua pequena adega, abriu uma garrafa de vinho tinto, e com a taça na mão, acompanhou pela janela
de seu quarto, alguns fogos de artifícios, que ainda queimavam nos céus de São Paulo, ele sabia que teria
uma batalha pela frente, um tratamento químico é sempre muito desgastante, tanto para quem o faz,
quanto para quem apoia e acompanha o fato.
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