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temos que ter em mente que não há prova direta robusta a demonstrar que uma <strong>dieta</strong> baixa em<br />

carboi<strong>dr</strong>atos é responsável por esses riscos para a saúde. A prova porventura existente em estudos<br />

demográficos que mostram ligação entre alto consumo de gordura e doença cardíaca é, na realidade, de<br />

estudos que mostram simultaneamente que <strong>dieta</strong>s altas em carboi<strong>dr</strong>atos refinados estão ligadas à doença<br />

cardíaca. E o mesmo se aplica ao câncer.<br />

Mas eu gostaria de discutir primeiro as doenças cardíacas.<br />

ós e os Ataques Cardíacos<br />

É bem plausível a afirmação que responsabiliza a <strong>dieta</strong> moderna pela predominância extraordinária<br />

das doenças cardíacas nas sociedades industrializadas do século XX. Estou inclinado a acreditar que isso<br />

é verdade. Alegou-se também que o culpado é nossa <strong>dieta</strong> suculenta, rica em gorduras. Há muito tempo<br />

eu acreditava também que isso era verdade, até que comecei a estudar a prova histórica.<br />

Você pode se perguntar o que é que a história tem a ver com isso. Na verdade, muita coisa. O<br />

principal foco da atenção intelectual no tocante à predominância de doenças cardíacas concentra-se no<br />

que a medicina chama de estudos epidemiológicos. Esses estudos tratam da análise estatística de doenças<br />

em vários grupos populacionais. Trata-se de um meio grosseiro e especulativo de estudar doenças, mas<br />

também muito curioso.<br />

Vamos supor que um pesquisador se impressiona com o fato de que um beduíno nômade do deserto<br />

nem sabe o que é doença cardíaca, ao passo que vendedores de pastrami na cidade de Nova York sabem<br />

muito bem o que é. Ele poderia estudar atentamente as diferenças entre os dois grupos, notar que os<br />

empregados de delicatessen ingerem muito mais gordura de comed beef e concluir, na base dessa<br />

correlação, que a gordura é a causa da doença cardíaca de que sofrem. Claro, se fIzesse isso, ele teria<br />

ignorado o fato de que a doença cardíaca correlaciona-se também com o consumo de pão de centeio,<br />

mostarda e a utilização de passes do metrô, aparelhos de televisão e fatiadores de carne. Ou que a<br />

ausência de doença cardíaca correlaciona-se com o costume de viajar montado em camelo.<br />

Falando mais sério, uma vez que para o epidemiologista isso não é realmente absurdo, ele poderia ter<br />

concluído que os vendedores de pastrami fazem menos exercícios do que os beduínos, fumam mais<br />

cigarros, comem mais açúcar, levam vidas mais compulsivas' estressantes. Se estivesse interessado em<br />

fatores ambientais, poderia lançar um olhar avaliador sobre os volumes de chumbo, ozônio e outros<br />

agentes químicos absorvidos diariamente pelo infeliz indivíduo que trabalha no balcão.<br />

Mas, na maior parte, se nosso epidemiologista for típico de sua grei e quiser ser o chefe do pedaço<br />

algum dia, fará o que dele se espera e concluirá que a responsável é a gordura na <strong>dieta</strong>. (Ou como Claude<br />

Rains disse no fIlme Casablanca: "Prendam os suspeitos habituais.") O fato de ele chegar a uma<br />

conclusão precipitada faz parte do paradigma da moderna escola de medicina americana, mas é fácil<br />

demonstrar que não constitui uma conclusão necessária à vista da prova.<br />

Em virtualmente todas as sociedades onde se sugere que alto consumo de gordura causa doenças<br />

cardíacas a principal modificação na <strong>dieta</strong> ocorrida neste século foi o aumento do consumo de açúcar,<br />

xarope de milho com alto teor de frutose e farinha de trigo branca - todos eles carboi<strong>dr</strong>atos refinados. O<br />

capitão-cirurgião T.L. Cleave, autor do estudo clássico The Saccharine Disease, argumentou<br />

convincentemente que o aumento das doenças das coronárias podia ser atribuído ao aumento no consumo<br />

de carboi<strong>dr</strong>atos refinados. Observou ele que o diabetes, a hipertensão, úlceras, doenças da bexiga, veias<br />

varicosas, colite, doença cardíaca, para citar apenas umas poucas, eram praticamente desconhecidas em<br />

culturas primitivas até que nelas foram introduzidos os carboi<strong>dr</strong>atos refinados. E não houve exceções. O<br />

processo em causa precisou de 20 anos para consumar-se, o que levou Cleave a propor a Regra dos 20<br />

Anos - o prazo após a introdução do açúcar e outros carboi<strong>dr</strong>atos numa cultura, antes que o diabetes e a<br />

doença cardíaca comecem a aparecer nesse grupo de pessoas.<br />

A verdade epidemiológica é que virtualmente todas as sociedades pobres, não-industrializadas,<br />

apresentam baixa incidência de doença cardíaca. Na maioria delas, observam-se também taxas muito<br />

baixas de consumo de açúcar, de gordura, de urbanização, e numerosas outras diferenças em comparação<br />

com os chamados indivíduos modernos que vivem na Europa e na América do Norte. Como é que<br />

podemos saber o que causa as doenças cardíacas?<br />

Há uma geração, o decano dos nutricionistas britânicos, Dr. John Yudkin, e o Dr. Ancel Keys,<br />

mentor de grande número de nutricionistas americanos, travaram uma batalha intelectual ininterrupta<br />

sobre epidemiologia. Keys estudava nações e culturas com graus variáveis de doença cardíaca e mostrava<br />

o altíssimo grau com que a doença cardíaca se correlacionava com a ingestão de gorduras. Yudkin<br />

examinava as mesmas estatísticas e descobria uma correlação quase idêntica com o consumo de açúcar. O<br />

fato é que em mais de 90% das culturas há uma forte correlação entre ingestão de gordura e de açúcar.<br />

Dessa maneira, para optar entre as duas teorias, temos que examinar as exceções. É o que vamos fazer<br />

agora.

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