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câncer. Mas há boa prova de que talvez não seja a gordura.<br />

A fim de entender bem o assunto, vamos tentar compreender primeiro o que são os estudos de<br />

controle de casos. Nestes, poderíamos estudar apenas os atendentes de delicatessens de Nova York e<br />

observá-los durante um período de anos, anotando os que eram vitimados pela doença. Se resolvêssemos<br />

aprender alguma coisa sobre <strong>dieta</strong> e câncer com eles, reuniríamos o nome de todos os que desenvolveram<br />

a doença e meticulosamente os interrogaríamos sobre o que comiam. Em seguida, compararíamos o perfil<br />

de ingestão de comidas e bebidas dos que adoeceram com o dos que não tiveram a doença. Estudos como<br />

esses são, na verdade, feitos o tempo todo, com alguns mais importantes do que outros. E alguns são<br />

melhores porque colhem os dados dietéticos antes que a doença se declare.<br />

O Harvard Nurses Study foi um desses e conseguiu sempre provocar manchetes. Afinal de contas<br />

esse projeto imenso estendeu-se por quase 90.000 enfermeiras americanas durante mais de quatro anos e,<br />

desde que a maioria dos estudos de controle de casos abrange menos de mil sujeitos, você pode ter certeza<br />

de que a mídia ficou pendurada em cada palavra que saía dos lábios do diretor do estudo, Walter Willett,<br />

e de seus colegas.<br />

Esse foi o motivo por que, em fins de 1990, todos os jornais publicaram na primeira página matéria<br />

dizendo que gordura animal causava câncer do cólon. Em entrevistas, o Dr. Willett disse que, se<br />

tivéssemos absolutamente algum bom senso, restringiríamos o consumo de gordura animal. Podia-se<br />

apostar que o estudo Nurses havia descoberto prova robusta, conclusiva, de que a gordura animal é uma<br />

assassina. Mas quem ganharia essa aposta?<br />

Vamos estudar esse estudo. Os pesquisadores dividiram em quintis todos os fatores que estudaram,<br />

significando isso cinco grupos de tamanho igual. Nesses termos, os 20% das enfermeiras com ingestão<br />

mais alta de um elemento nutricional, digamos, carne vermelha, estariam no quinto quintil e os 20% com<br />

a ingestão mais baixa no primeiro quintil. Esse procedimento foi adotado em todas as categorias<br />

nutricionais que os pesquisadores resolveram estudar. Dessa maneira, eles poderiam examinar cada<br />

variável dietética, a fim de ver se poderiam identificar elementos em que o número de casos de câncer no<br />

quinto quintil fosse muito mais alto do que no primeiro.<br />

No estudo, publicado na The New England Journal of Medicine, os pesquisadores encontraram 150<br />

casos de câncer do cólon, o que, convenientemente, significava que se poderia esperar 30 casos em cada<br />

quintil (150 dividido por 5). Quantos casos ocorreram no quintil com a ingestão mais alta de gordura<br />

animal? Trinta e oito casos. Estatisticamente significante, sim, mas de uma magnitude tão baixa que<br />

definitivamente não justificava abandonar uma <strong>dieta</strong> que controla a pressão arterial, o peso, reforça o<br />

bem-estar e mantém baixos os níveis de lipídios no sangue.<br />

Lembrem-se do seguinte: essa parte do estudo Nurses não se referiu a todos os tipos de câncer, mas<br />

apenas ao câncer do cólon. Alguns de vocês devem lembrar-se de que supostamente o câncer do seio é<br />

outro que tem origem no consumo de gordura animal. Órgãos oficiais dizem isso. Mas o que foi que o<br />

estudo Nurse descobriu a esse respeito?8<br />

No estudo Willett sobre câncer do seio, o quintil com baixa ingestão de gordura foi o que sobressaiu<br />

entre todos os demais. Todas as mulheres cuja ingestão total de gordura era de 33% ou mais<br />

desenvolveram câncer do seio a uma razão de 114 casos por quintil (636 por 100.000), ao passo que o<br />

único quintil cuja ingestão total de gordura era abaixo de 33% da <strong>dieta</strong>, exatamente como agências<br />

oficiais do governo sugerem que deve ser, apresentou um assombroso número de 145 casos em seu<br />

quintil, o que equivale a 813 casos por 100.000.<br />

A equipe de Willett negou que esse resultado fosse estatisticamente significante, ao passo que meu<br />

analista estatístico diz que certamente é. Na verdade há uma única probabilidade em 100 de que esses<br />

números, sugestivos de baixa ingestão de gordura como fator contribuinte para o câncer de mama,<br />

poderiam ter sido obtidos por acaso, e o que isso realmente significa é a mais importante conexão<br />

<strong>dieta</strong>/câncer até agora descoberta epidemiologicamente.<br />

Voltando por um momento ao estudo sobre câncer do cólon, a escassa prova acumulada pelos<br />

pesquisadores de Harvard poderia ser prevista em estudos bem-feitos de controle de caso menos<br />

abrangentes, realizados antes. Estudos conduzidos em Marselha, Paris, Japão e Bélgica fracassaram sem<br />

exceção em mostrar qualquer correlação entre ingestão de gordura e câncer do cólon. O estudo belga, de<br />

1989, conseguiu "apontar" aquele que acho que é o verdadeiro criminoso - os oligossacarídeos, mais<br />

conhecidos com açúcares simples.<br />

E se o capitão-cirurgião Cleave estivesse certo e também certo o professor John Yudkin? Acho que a<br />

prova é surpreendentemente forte nesse sentido. Afinal de contas pessoas comem mais gordura porque<br />

comem mais açúcar: isso acontece porque o açúcar leva ao aumento de ingestão de calorias e à obesidade.<br />

E o açúcar é o carcinógeno mais freqüentemente consumido no mundo ocidental.<br />

Tenho certeza de que você sabe por quê. Otto Warburg, o grande cientista contemplado com o<br />

Prêmio Nobel, poderia lhe dizer. Células cancerosas alimentam -se de glicose, e não de oxigênio, como as<br />

células normais. A ingestão de açúcar eleva o nível de glicose e proporciona combustível seletivamente

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