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pastor nesta terra, querida e sofrida, comporta. Os laços profundos de amizade que me ligavam ao<br />
povo, a qual servir anteriormente com bispo, ao longo dos oito anos, foram difíceis de serem<br />
rompidos. Desde que aqui cheguei tenho feito diuturnamente, com humildade, silêncio, solidão e<br />
oração, o esforço de superar o mais breve possível o período de adaptação. Com paciência tenho<br />
me esforçado para conhecer a história desta Igreja particular de Palmas, construída por aqueles<br />
que me precederam não sem fadigas, mas com dedicação humilde, competência e zelo, para dar<br />
continuidade ao que aqui foi plantado por meus predecessores que, sem dúvida, foram, conforme<br />
expressão do Apocalipse, “Anjo” nesta Igreja de Palmas.<br />
Ao tempo mesmo que reverencio este passado, devo construir as bases firmes para o futuro do novo<br />
que já se descortina. “Lembrar com gratidão o passado, viver com paixão o presente e abrir-se com<br />
confiança e com profecia ao futuro” (NMI 1.3). Conclamamos todos, a partir de Cristo, para<br />
seguirmos em frente, com esperança, esperança sempre, rumo à maturidade de Cristo. Mesmo se os<br />
tempos mudaram e os remédios para curar os desafios são outros, queremos nos colocar na linha do<br />
princípio da continuidade, acolhendo, abraçando e respeitando as metas e os objetivos, as normas<br />
e os princípios pastorais da caminhada da Igreja universal e continental, presentes nas orientações<br />
pastorais da Igreja no Brasil e acolhidas e assumidas por nossa arquidiocese. Queremos, pois, com o<br />
mesmo entusiasmo, afeto e disposição, assumir como meus os traços pastorais característicos da<br />
nossa Igreja arquidiocesana.<br />
2. A sede de olhar a nossa Igreja<br />
“Dá-me de beber”... Quem beber da água que lhe darei, nunca mais terá sede” (Jo 4,7.14)<br />
Estamos, pouco a pouco, entrando no espírito de um tempo, o qual não se constitui apenas em um<br />
tempo de mudança de época, mas de época de grandes e profundas mudanças. Para começar a<br />
realizar uma obra qualquer precisamos sempre de parâmetros ou de pontos focais e limiares.<br />
Encontrar pontos focais ajuda, em muito, a vislumbrar o novo que se descortina como possibilidade<br />
de um amanhã melhor. Do pouco que posso dizer sobre a realidade arquidiocesana, é que vivemos<br />
em um tempo também de mudanças, propícios sonhos, utopias e esperanças; e, ao mesmo tempo,<br />
vivemos em meio a muitas angústias e desilusões. Já estamos cansados de tantos projetos falidos. A<br />
hora, no entanto, não é nem de desânimo nem tampouco de otimismo fácil e de triunfalismo<br />
barato. A hora é de captar o real estado da nossa Igreja e isto só se fará através de quatro olhares<br />
complementares: o primeiro pelo o olhar da história: a Igreja é verdadeiramente uma realidade<br />
histórica, nascida e situada na história; o segundo pelo olhar do mistério: a Igreja é<br />
verdadeiramente um mistério de Deus encarnado na história humana; o terceiro pelo olhar da<br />
comunhão: a Igreja é realmente comunhão, vem da comunhão e se dirige para a comunhão<br />
trinitária; o quarto pelo olhar da missão: a Igreja é igualmente comunhão missionária, nasce da<br />
missão e vive em função do mandato missional recebido de Jesus. Cada um destes quatro olhares<br />
supõe e exige os demais, e nenhum pode ser considerado isoladamente. Faço um convite a todas as<br />
forças vivas da nossa Igreja para que, por meio destes quatro olhares, possam visualizar e<br />
radiografar a realidade pastoral da Arquidiocese e se comprometer em encontrar água em<br />
profusão para saciar a sede que estamos sentindo na travessia deste imenso e tenebroso deserto<br />
pelo qual estamos passando na esperança de saciar espiritualmente a sede do nosso povo.<br />
3. A sede de olhar para a realidade<br />
“Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único” (Jo 3,16)<br />
Jesus evangelizou olhando para a vida do seu povo. Suas maiores e mais importantes ações foram<br />
respostas aos desafios encontrados no contato com as pessoas. Imitando o seu jeito de evangelizar,<br />
começamos a olhar a nossa Igreja pela própria imagem que ela faz de si mesma na história. Todos<br />
116 Arquidiocese de Palmas