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Livro Azul

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este olhar conclamando a todos os membros da Igreja a viver intensamente este mistério na sua<br />

realidade universal (comunhão com o papa), continental e na sua realidade local (comunhão com<br />

o arcebispo e o presbitério) e a se colocam a serviço do mistério que a nossa Igreja traz no seu<br />

coração. Neste sentido, cabe ainda as seguintes perguntas: Como está a minha disponibilidade<br />

para servir de mediação ao mistério da Igreja na minha Arquidiocese e na minha paróquia? Como<br />

as coisas estão acontecendo é sinal que estamos olhando corretamente para o mistério? Por isso,<br />

assumamos o projeto de Jesus que disse: “Em primeiro lugar busquem o reino de Deus e sua justiça, e<br />

Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas” (Mt 6,33).<br />

Que tipos de pastorais e que ministérios surgem deste olhar para a Igreja? Esta noção de Igreja se<br />

fortalece e dá fundamentos às pastorais e aos ministérios da liturgia e das celebrações da palavra e<br />

dos sacramentos, da oração, do retiro, da direção espiritual, do aconselhamento, das bênçãos, das<br />

novenas, das romarias e das caminhadas, da partilha da experiência de Deus, da mistagogia e da<br />

formação teológica. Desta concepção de Igreja nascem o culto, a adoração, o louvor, o silêncio, a<br />

mística e a espiritualidade litúrgico-sacramental. Ainda mais, por meio deste olhar contemplamos<br />

a Igreja da oração, da contemplação e da leitura orante da bíblia, mais voltada para Deus e menos<br />

influenciada pelas coisas do mundo. A relação entre o serviço ministerial que ela exerce e esta visão<br />

de Igreja se dará pela disposição permanente à vida espiritual, à vivência alegre da confiança em<br />

Deus.<br />

5. A sede de olhar para a comunhão<br />

“E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo” (1Jo 1,3)<br />

Jesus evangelizou na comunhão e em vista da comunhão. E é este o fundamento último da missão<br />

evangelizadora da Igreja: levar as pessoas à comunhão trinitária. Por isso, através deste olhar<br />

contemplamos a Igreja a partir da comunhão. A reflexão sobre a Igreja como história e como<br />

mistério desabrocha necessária e diretamente na concepção da Igreja comunhão, afinal de contas<br />

ela é um mistério de comunhão. Portanto, trata-se da comunhão, em primeiro lugar, com o Pai,<br />

por Jesus, no Espírito Santo. E esta comunhão se irradia na comunhão entre os irmãos, pois, afinal, a<br />

finalidade do mistério é criar comunhão com Deus e com os irmãos. Enquanto organização, a Igreja<br />

pretende viver a dinâmica do evangelho de Jesus, centrada no mandamento do amor e no serviço<br />

fraterno que ela resplandecer como um mistério de comunhão, até que Deus seja tudo em todos.<br />

Mas como entender esta comunhão na Igreja? Os sinais mais visíveis da comunhão é perceber como<br />

se dá a organização, como se toma decisões na Igreja, ou ainda, como se exercita o poder no interior<br />

da Igreja. Trata-se, em primeiro lugar, de uma Igreja, povo de Deus que convive na diversidade de<br />

carismas e ministérios, na unidade e diversidade dos serviços dos pastores, dos(as) consagrados(as),<br />

das novas comunidades e dos(as) leigos(as). De fato, é angustiante ainda hoje perceber a<br />

centralização do poder na Igreja e, por conseguinte, o afastamento de muitos católicos e a<br />

proliferação de seitas ou de movimentos que não se afinam com uma pastoral de comunhão. É<br />

muito sério ver pessoas afastadas da Igreja por falta de comunhão entre nós. Se a “Igreja é povo de<br />

Deus reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, como definia Cipriano, se é<br />

comunhão das pessoas entre si e com Deus, então ela não pode ser compreendida e amada só com<br />

um olhar sobre a instituição e a organização, mas sobre o olhar da comunhão, pois, ela é sinal e<br />

sacramento da unidade do gênero humano e da fraternidade universal e, por isso, intérprete e<br />

interpeladora dos sonhos, das sedes e das utopias de fraternidade entre as pessoas dos nossos<br />

tempos.<br />

É bem verdade que a Igreja não é uma democracia. Mas como diz o provérbio “quem tem o mais<br />

tem o menos”, além de ela se inspirar nos ideais democráticos saudáveis e de lutar sempre para<br />

Igreja que acolhe, ama, forma e envia em missão<br />

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