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Livro Azul

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sacramento!<br />

Na verdade a crise porque passa os sacramentos é também uma crise prática. Constata-se que,<br />

não obstante essa intensa atividade sacramental há cada vez mais uma crescente desafeição ou<br />

um grande desinteresse de muitos cristãos pelos sacramentos. Neste sentido, o problema mais grave<br />

que a pastoral sacramental tem que enfrentar hoje é o seguinte: “ou muita fé e pouco<br />

sacramento ou muito sacramento e pouca fé”. Em outras palavras, muitos cristãos, embora<br />

tenham até muita fé, não sentem a necessidade de sacramentos, enquanto muitos outros que se<br />

aproximam com freqüência dos sacramentos não se empenham para recebê-los nem ao celebrálos,<br />

viver de acordo com a graça e os dons recebidos.<br />

Por outro lado, esta crise, embora seja ainda mais complexa do que foi aqui sintetizada, e deixar a<br />

gente perplexo, não significa apenas algo negativo. Pode ser sinal de renovação. Na realidade, seja<br />

na teologia que na pastoral, ao mesmo tempo em que constatamos a existência de uma crise<br />

sacramental, constatamos a existência de um período de renovação da sacramentária. E, com<br />

isso, estão surgindo novos conceitos, enfoques, métodos e novas terminologias e novas experiências<br />

pastorais interessantes. Um exemplo claro disso é o itinerário de preparação do jubileu, traçado em<br />

4<br />

perspectiva sacramental pela carta apostólica Tertio Millennio Adveniente , segundo o qual, ao<br />

cruzar o umbral do novo milênio, a igreja deve redescobrir as raízes dos seus sacramentos. E propõe<br />

um ano anamanético, dedicado a Jesus, com o objetivo de levar os cristãos à redescoberta do<br />

batismo como fundamento da existência cristã (1997), um ano epiclético, dedicado de modo<br />

particular, ao Espírito Santo que age na igreja, sobretudo mediante o sacramento da<br />

confirmação(1998), e um ano doxológico, dedicado a Deus Pai, tempo adequado para a<br />

descoberta do sacramento da penitência (1999) e, por fim, um ano jubilar, intensamente<br />

eucarístico (2000). Com certeza, a sacramentária vai ser a grande beneficiada nesse jubileu, pois,<br />

vai receber novo impulso e vai se renovar, seja enquanto teologia seja enquanto pastoral.<br />

O trabalho que estamos apresentando, dizemos que está na linha da renovação do conceito de<br />

sacramento. Diferentemente do que podemos pensar, Jesus, durante a sua vida terrena, não<br />

apenas falou, mas fez, “passou fazendo o bem”. A exemplo dos profetas Jesus foi um homem de<br />

grandes ações simbólicas e proféticas. Seus atos eram atos-falantes, cristofanias (gestosverbais)<br />

e suas palavras eram palavras-agentes, liturgias (palavras-gestuais). Jesus inaugura<br />

a nova era messiânica preanunciada pelos profetas sob forma de ações simbólicas benéficas e<br />

eficazes e salvíficas, chocantes, extraordinárias e provocadoras de conversão e de seguimento.<br />

Como Homem de ações, suas palavras eram, muitas vezes, explicações dos seus atos. Quem fala<br />

muito e não faz nada é incoerente e não merece muito crédito. Jesus, ao contrário, falou e fez<br />

muito, fez e explicou o que fazia: “perdoou os pecados, comeu com os pecadores, abençoou as<br />

crianças, curou os doentes, transformou água em vinho, e o vinho em seu sangue, multiplicou pães e<br />

transformou pão em seu corpo, chamou muitos para segui-lo e instituiu o mandamento do amor”.<br />

Hoje estamos redescobrindo que suas ações simbólicas e proféticas possuem um grande valor<br />

salvífico e que tais ações possuem um eminente caráter sacramental porque atingem a pessoa<br />

humana em situações cruciais e a transforma em nova criatura. Por isso podemos afirmar que Jesus<br />

não instituiu os sacramento somente com as palavras, como se fosse um legislador que baixa um<br />

decreto exigindo que seja cumprido por todos. Jesus instituiu os sacramentos também agindo,<br />

fazendo o bem às pessoas. Por isso hoje procuramos enfocar a instituição dos sacramentos não<br />

exclusivamente através das palavras de Jesus, mas sobretudo, através das suas ações proféticas.<br />

Todos os sacramentos nasceram das ações simbólicas e proféticas de Jesus e sobrevivem por meio<br />

5<br />

das ações simbólicas e proféticas da Igreja, senão vejamos :<br />

1. O batismo corresponde ao ato profético do batismo de Jesus no Jordão, por João Batista, a fim de<br />

124 Arquidiocese de Palmas

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