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1.5. “Deus caritas est” (1Jo 4,16) . O amor é o centro da fé cristã. A fé atua pelo amor (Gl 5,6). Cremos<br />
no amor de Deus, encarnado em Jesus Cristo, identificado com os necessitados: famintos, sedentos,<br />
forasteiros, nus, enfermos, encarcerados (cf. Mt 25,40). A Igreja, fiel a Jesus Cristo, tem por missão<br />
cuidar do resgate da dignidade dos pobres. O programa do cristão, que é o programa do bom<br />
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samaritano e o de Jesus, é um coração que vê a necessidade de amor e atua em consequência .<br />
Seguindo o caminho de Cristo, as obras sociais da Arquidiocese de Palmas, que não se limitam à<br />
assistência emergencial, são expressões vivas do amor preferencial de Deus pelos humildes e pobres,<br />
sinais do compromisso com a justiça do Reino e na busca do bem comum e da implantação, na<br />
história e na sociedade, de uma nova ordem social inspirada nos valores do Evangelho, fiel à missão<br />
que recebeu de Cristo.<br />
1.6. A Igreja é advogada da justiça e dos pobres, exatamente por não se identificar com os políticos<br />
nem com os interesses de partido, somente sendo independente pode ensinar os grandes critérios e<br />
os valores irrevogáveis, orientar as consciências e oferecer uma opção de vida, que vai além do<br />
âmbito político. Formar as consciências, ser advogada da justiça e da verdade, educar nas virtudes<br />
individuais e políticas, é a vocação fundamental da Igreja neste setor. E os leigos católicos devem ser<br />
conscientes da sua responsabilidade na vida pública; devem estar presentes na formação dos<br />
consensos necessários e na oposição contra as injustiças. A Igreja é chamada a dedicar tempo e<br />
recurso aos pobres, prestar-lhes amável atenção, escutá-los com interesse, acompanhá-los nos<br />
momentos difíceis, escolhê-los e compartilhar com eles a esperança, procurando, a partir deles, a<br />
transformação de sua situação. Jesus oferece o seu modelo de vida: “quando deres um banquete,<br />
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convida os pobres, os inválidos, os coxos e os cegos” (Lc 14, 13) ; à samaritana ele dá mais do que a<br />
água do poço; à multidão faminta ele oferece mais do que o alívio da fome; a todos entrega-se a si<br />
mesmo como a vida em abundância. A vida nova em Cristo é participação na vida de amor do<br />
Deus uno e trino.<br />
1.7. O certo é que se constitui um campo desafiador para evangelização, o anúncio da Boa Nova de<br />
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Jesus Cristo, a plenitude da vida . A ação missionária da Igreja, seja no campo, seja na cidade, deve<br />
ter sempre a marca profunda do Evangelho: encarnar-se na vida assim como Jesus se encarnou no<br />
seio da humanidade (cf. Jo 1,1ss); olhar o homem e a mulher da cidade, especialmente os miseráveis,<br />
em suas necessidades reais antes de qualquer caminho proselitista; partir dos pobres (cf. Mc 6,34);<br />
fazer do serviço um modelo de ação, como o mestre sugeriu na noite da última ceia (cf. Jo, 13,1ss);<br />
caminhar com o outro, especialmente nos momentos mais confusos e nebulosos (cf. Lc 24,13-16); agir<br />
com paciência e demonstrar interesse sincero por aquilo que mexe com a vida das pessoas (cf. Lc<br />
24,16ss); não perder de vista a perspectiva do Reino e saber que Deus vê nos pobres os seus<br />
protagonistas (cf. Mt 11,25s); saber que o Reino tem suas mediações em nossa ação e no nosso<br />
testemunho (cf. Mt 5,1ss).<br />
1.8. Não basta, portanto, recordar estes princípios, afirmar estas intenções, fazer notar as injustiças<br />
gritantes e proferir denúncias proféticas. Estas palavras ficarão sem efeito real se não forem<br />
acompanhadas de uma tomada de consciência mais viva da sua própria responsabilidade e de<br />
uma ação efetiva. É muito fácil atirar sobre os outros a responsabilidade das injustiças sem se dar<br />
conta, ao mesmo tempo, da necessária conversão pessoal e pastoral. A presença social da Igreja<br />
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convida a todos a caminhar para a Cidade Santa, a Nova Jerusalém .<br />
2. Orientações Pastorais<br />
Como pode a Igreja contribuir para a solução dos urgentes problemas sociais e políticos, e responder<br />
ao grande desafio da pobreza e da miséria?<br />
2.1. As pastorais sociais tenham como inspiração de sua reflexão e ação, a Doutrina Social da Igreja,<br />
54 Arquidiocese de Palmas