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Livro Azul

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superar a divisão entre quem sabe e quem ensina, quem manda e quem obedece, ela é muito mais<br />

do que uma democracia, é comunhão, uma vez que sua origem está em Deus Pai, fonte da<br />

comunhão trinitária; é comunhão por ela ser composta por uma rede de comunidades, por<br />

conselhos e comissões, as quais todos participam e de onde se tomem conjuntamente as decisões; é<br />

comunhão por ser formada de serviços e carismas, numa relação harmoniosa entre pastores, fiéis e<br />

consagrados; é ainda comunhão por ser a grande família de Deus; é comunhão por ser um povo<br />

peregrino na história, a caminho da pátria definitiva; é comunhão por ser um povo que vive,<br />

celebra, estuda e organiza sua fé a partir do seguimento de Jesus; por fim, é comunhão por ser uma<br />

comunidade de fé e de culto, sinal da salvação de todos em Cristo.<br />

Além do mais, deste olhar para a comunhão nascem além da pastoral de comunhão ou de<br />

conjunto, a própria espiritualidade de comunhão que sustenta esta comunhão. A Igreja só será<br />

Igreja de comunhão se tiver uma espiritualidade de comunhão, e só terá uma espiritualidade de<br />

comunhão se olhar para o mistério da trindade (NMI 43). Daqui nasce a nossa sede, como de resto<br />

era o desejo do beato João Paulo II, de ver transformadas as nossas Igrejas, inclusive aquelas mais<br />

distantes e meio abandonadas, em “casa e escola de comunhão” (NMI 43). Desta concepção de<br />

Igreja comunhão deriva uma outra série de conseqüências práticas para a sua própria vida e<br />

missão: manter a unidade na pluralidade, a colegialidade, a participação e a co-responsabilidade<br />

de todos em comunhão uns com os outros; valorizar mais as pequenas comunidades e as CEBs;<br />

cuidar com maternal afeto e predileção dos afastados e distantes da comunhão eclesial; criar mais<br />

estruturas de participação e de colegialidade, tais como os conselhos comunitários, as assembléias<br />

litúrgicas, de pastorais ou do povo de Deus, em todos os níveis; reforçar os laços de igualdade para<br />

além das diferenciações; apoiar as iniciativas diocesanas que atendem ao desejo de colegialidade;<br />

criar a consciência de Igrejas (paróquias)-irmãs com as outras comunidades arquidiocesanas. Na<br />

busca de incrementar a lógica de comunhão na nossa pastoral é preciso que cada vez mais se<br />

decida carregar o fardo uns dos outros (Gl 6,2), suportar o outro e o acolher como dom e como parte<br />

da minha vida.<br />

Este olhar é também importante para fomentar a exigência da unidade de todos num só corpo.<br />

Toda vez que perdemos de vista a grandeza do mistério da comunhão da Igreja para ficar preso a<br />

mesquinhez de uma pessoa, a fragilidade de um determinado grupo, ao erro de um determinado<br />

período histórico, perdemos a capacidade de contemplar o infinito mistério de Deus agindo em nós.<br />

Deus é infinitamente maior do que nosso pecado. Entender o mistério da comunhão da Igreja é não<br />

amesquinhá-la, não perder tempo com fofocas e picuinhas que ameaçam fechar a comunidade<br />

em si mesma e isolar os grupos.<br />

A relação entre estes serviços ministeriais e esta visão de Igreja se dará pela disposição permanente<br />

à vida de comunhão na diversidade de carismas e ministérios, das vocações e serviços, de pastorais e<br />

movimentos. Mas como as coisas estão organizadas é sinal que estamos olhando corretamente<br />

para a comunhão? Em Jesus encontramos o ideal para uma vida do testemunho e da pastoral de<br />

comunhão. Ele é modelo de comunhão: “Se vocês tiverem amor uns pelos outros, todos<br />

reconhecerão que vocês são meus discípulos” (Jo 13,35).<br />

Que tipo de pastoral, serviço e de ministério surgem de uma Igreja comunhão? Esta visão de Igreja<br />

dará fundamentos para os ministérios da coordenação e dos conselhos pastorais, da administração<br />

financeira e dos recursos humanos, da liberdade de expressão e da participação nas decisões, da<br />

catequese, da animação litúrgica, da promoção e animação vocacional e missionária, das<br />

vocações específicas ao diaconato, ao presbiterado, à vida consagrada e às novas comunidades;<br />

das lideranças de grupos e movimentos, dos grupos de oração e de reflexão, das lideranças dos<br />

demais organismos do povo de Deus, da formação e da liderança, da celebração do culto e dos<br />

120 Arquidiocese de Palmas

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