You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
sacramentos, da reconciliação e da correção fraterna, da acolhida e do aconselhamento e<br />
orientação espiritual. O olhar sobre a comunhão dá fundamento teológica para a constituição e o<br />
cultivo do conselho de leigos como espaço para a associação, a formação e preparação para a ação<br />
missionária no mundo. Uma Igreja de comunhão e para a comunhão tem sede de organismos de<br />
participação.<br />
6. A sede do olhar para a missão<br />
“Eles saíram da cidade e foram ao seu encontro” (Jo 4,30)<br />
Jesus, como missionário do Pai, evangelizou em vista da missão. Rememorando seu estilo de vida,<br />
por meio deste quarto e último olhar, contemplaremos a missão da Igreja. A nossa é a Igreja, povo<br />
de Deus, vivendo em comunhão, enviado em missão, por Jesus Cristo, ao mundo, para anunciar e<br />
testemunhar a Boa Nova da salvação. A Igreja é essencialmente missionária: para dentro, ela<br />
nasce da missão (sístole: convocação); e se estrutura com espírito missionário: para fora, para a<br />
missão (diástole: envio). Ninguém pode ser mestre sem antes ser discípulo. O mesmo acontece com<br />
a Igreja. Não é ela que cria a missão e sim é a missão que cria a Igreja. Aprendemos, desde o<br />
catecismo, que a Igreja possui quatro notas ou propriedades essenciais, a saber: a unidade,<br />
santidade, a catolicidade e a apostolicidade. Apesar de a apostolicidade estar em último lugar,<br />
não significa dizer que ela é a última nota ou propriedade da Igreja. Ao contrário, podemos então<br />
concluir afirmando que antes de qualquer outro qualificativo, a apostolicidade (enviada,<br />
missionária) é a primeira nota ou propriedade da Igreja. A Igreja só é Igreja se for missionária: ela é<br />
una na missão, é santa na missão e é católica na missão. É verdade que a Igreja vai redescobrindo,<br />
pouco a pouco, o significado da sua missão. Mas ainda é lenta esta autoconsciência. É preciso<br />
continuar avançando. No entanto, que espaço ocupa a atividade missionária na agenda da nossa<br />
Igreja? O fato de ela, às vezes, aderir timidamente à missão, não é uma forma velada de esquivarse<br />
ou de se revelar pouco inclinada à dimensão missionária? Precisamos construir, cada dia, uma<br />
Igreja missionária, mais entusiasmada pela causa do Senhor e do seu Reino, capaz de enfrentar<br />
perseguição e martírio; uma Igreja, arauto da palavra da salvação, enviada a anunciar a Boa<br />
Notícia a todos os povos e culturas; uma Igreja capaz de inculturar-se, de dialogar com as culturas e<br />
religiões, respeitosa das tradições e valores de todos os povos, aberta para dar e receber.<br />
A relação entre esta visão de Igreja e seus serviços ministeriais se dará pela disposição permanente<br />
ao envio, ao desapego a esta ou aquela comunidade ou pessoa, à desinstalação não só de um lugar<br />
para outro, mas, sobretudo de idéias preconcebidas, para a elaboração mais criativa de projetos<br />
pastorais paroquiais e arquidiocesanos que ajudem a entender e a viver a evangelização como o<br />
melhor serviço que se pode prestar à libertação e à felicidade de outrem. Por causa da atual<br />
conjuntura eclesial, sem sombra de dúvida, é preciso olhar, com mais amor, para a missão da Igreja<br />
com gosto e entusiasmo; é preciso ser apaixonado pela missão, gostar das santas missões populares,<br />
da troca de experiências missionárias e da experiência de Igrejas (paróquias)-irmãs; é preciso<br />
formar mais missionários, seja no campo laical, que no campo presbiteral e da vida consagrada. O<br />
espírito missionário deverá ser o primeiro critério no discernimento de uma vocação presbiteral ou<br />
de consagração especial. Ninguém deveria ser ordenado presbítero, ser aceito para os votos, sem<br />
uma séria verificação a respeito das suas motivações vocacionais missionárias.<br />
Este caráter missionário vai coincidir com o contexto da vocação e da colaboração dos leigos,<br />
mulheres e homens, na missão da Igreja. Os leigos e as leigas são partes vivas no movimento e<br />
dinamismo missionário da Igreja e na difusão do evangelho. É missão do pastor rezar com o povo e<br />
pelo povo. Aqui temos que nos perguntar: sinto alegria em colaborar e em ter como colaboradores<br />
os leigos na difusão do evangelho? Em Jesus encontramos a inspiração profunda para este<br />
Igreja que acolhe, ama, forma e envia em missão<br />
121