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ALTA CRÍTICA: ATACANDO OS FUNDAMENTOS DA FÉ CRISTÃ<br />
O liberalismo teológico não é uma religião ou uma organização i<strong>de</strong>ológica possuidora <strong>de</strong> templos,<br />
funcionários ou socieda<strong>de</strong>s. Ele é, simplesmente, uma tendência <strong>de</strong> ajustar o Cristianismo aos conceitos<br />
da Alta Crítica da Bíblia, da ciência e das filosofias mo<strong>de</strong>rnas. Esta tendência apresenta-se hoje sob<br />
diversos outros títulos, como mo<strong>de</strong>rnismo, racionalismo, nova teologia, etc.<br />
Por seu próprio caráter, o liberalismo encontra relativa facilida<strong>de</strong> para influir nas seitas e religiões <strong>de</strong><br />
todos os credos, <strong>de</strong>sagregando-lhes as estruturas doutrinárias, particularmente nos arraias evangélicos,<br />
on<strong>de</strong> a liberda<strong>de</strong> para estudar e interpretar as Sagradas Escrituras, segundo a compreensão individual do<br />
leitor, é apanágio <strong>de</strong> que não se abre mão.<br />
Os fundamentos históricos <strong>de</strong>ssa tendência remontam, <strong>de</strong> acordo com a maioria dos autores, ao ano <strong>de</strong><br />
1753, quando Jean Astruc (1684-1766), francês incrédulo e professor <strong>de</strong> medicina em Paris, publicou<br />
anonimamente, em Bruxelas, em francês, o livro Conjecturas Sobre as Memórias Originais que Parece<br />
Terem Sido Usadas por Moisés na Composição do Gênesis.<br />
Nesse livro Astruc, que foi médico do rei da Polônia e <strong>de</strong> Luís XV, da França, duvida da origem<br />
mosaica dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento e aventa a hipótese <strong>de</strong> existirem duas fontes<br />
literárias — jeovista e eloísta — partindo-se dos nomes usados para se referirem a Deus. Antes <strong>de</strong>ssa<br />
data, muito raramente alguém ousava criticar assim a Palavra <strong>de</strong> Deus, lançando dúvidas sobre a sua<br />
historicida<strong>de</strong> tradicionalmente aceita.<br />
Em 1780, o hebraísta alemão Eichrodt aceitou a hipótese <strong>de</strong> Astruc e afirmou que os referidos<br />
documentos tinham características, estilos e expressões distintas um do outro. Ilgen, em 1798, também<br />
alemão, julgou ter <strong>de</strong>scoberto, <strong>de</strong>ntro do documento Eloísta do Gênesis, diversas características <strong>de</strong> estilo<br />
e expressões. Por isso foi ele consi<strong>de</strong>rado o <strong>de</strong>scobridor do segundo documento Eloísta.<br />
Na Escócia, o padre católico romano, Alexan<strong>de</strong>r Gaddas, anunciou ter encontrado no Pentateuco<br />
diversos documentos (1798-1800).<br />
Por ser <strong>de</strong>masiadamente extensa a lista dos principais nomes que veicularam até nós o criticismo<br />
bíblico nos últimos 150 anos, <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> nos referir a eles, observando apenas que quase todos,<br />
partindo do mesmo princípio <strong>de</strong> Astruc, ampliaram muito as pesquisas anteriores e chegaram às mais<br />
fantasiosas e dissonantes conclusões. Esses duzentos anos <strong>de</strong> cansativas buscas resultaram no surgimento<br />
<strong>de</strong> diversas hipóteses, <strong>de</strong>stacando-se:<br />
Fragmentária (De Wette e outros) — segundo a qual o Pentateuco teria surgido <strong>de</strong> inúmeros<br />
fragmentos, sem quaisquer planos ou unida<strong>de</strong>;<br />
Germinante ou Complementar (E. Wald, E. Schra<strong>de</strong>r) — sugere um documento Eloísta como base,<br />
revisto pelo documento Jeovista, e que recebeu inúmeros acréscimos, seções e anotações, formando<br />
assim o documento Deuteronomista, mais recente.<br />
Documentária (Hupfeld, Graf-Welhausen) — ensina ter havido quatro documentos originais, ou seja<br />
Eloísta, Jeovista, Deuteronomista e Sacerdotal.<br />
Para o pesquisador R. Pfeiffer, o documento Jeovista, que segundo outros críticos teria surgido em 650<br />
a.C., e o Eloísta, da mesma forma datado <strong>de</strong> 650 a.C., foram combinados por um redator no mesmo ano.<br />
A esse teria sido juntado, em 550 a.C., o documento Deuteronomista, que outros críticos datam <strong>de</strong> 621<br />
a.C.<br />
A hipótese chamada Graf-Welhausen é a mais aceita pelos críticos das Escrituras. Ela afirma que<br />
alguém, <strong>de</strong>pois do cativeiro babilônico, compilou o Pentateuco, que foi então publicado pelo sacerdote<br />
Esdras. Dessa forma Moisés não teria escrito nada!