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REFORMA E CONTRA-REFORMA<br />
Com o advento da Reforma Religiosa no século XVI, a tradição católica foi <strong>de</strong>safiada pelos<br />
reformadores. Estes apegaram-se às Escrituras Sagradas e trouxeram à lume os gran<strong>de</strong>s fundamentos da<br />
fé cristã, como: a autorida<strong>de</strong> suprema da Bíblia, a justificação pela fé, o verda<strong>de</strong>iro significado dos<br />
sacramentos, o sacerdócio universal dos crentes, etc. As divisas protestantes tornaram-se célebres: Solus<br />
Cristus, Sola Scriptura, Sola fi<strong>de</strong>, Sola gratia.<br />
A Igreja Católica, ao ver-se ameaçada, organizou a sua contra-reforma principalmente através da<br />
convocação do concílio <strong>de</strong> Trento, que se reuniu durante 18 anos, <strong>de</strong> 1545 a 1563. Nesse célebre<br />
concílio ficaram confirmados pela Igreja Católica todos os dogmas anteriormente aceitos. A tradição foi<br />
consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> valor igual ao da Bíblia, e ainda juntaram-se ao cânom do Antigo Testamento os livros e<br />
aditamentos apócrifos.<br />
Do século XVI ao XIX, poucas tentativas ocorreram no sentido <strong>de</strong> liberalizar a teologia romana. Com<br />
a revolução industrial e a alta crítica da Bíblia, em fins do século XIX, essa teologia passa por profunda<br />
renovação, mas retorna à teologia tomística, doutrina escolástica <strong>de</strong> Tomás <strong>de</strong> Aquino, caracterizada pela<br />
tentativa <strong>de</strong> conciliar o aristotelismo com o cristianismo, como já vimos.<br />
Segundo o tomismo, as verda<strong>de</strong>s do Cristianismo estão <strong>de</strong> tal maneira distribuídas em or<strong>de</strong>m lógica<br />
que umas po<strong>de</strong>m explicar as outras. Nesta escola é possível conciliar a fé com a razão e mostrar serem<br />
os dogmas suscetíveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração silogística, ou seja, provados verda<strong>de</strong>iros mediante a<br />
argumentação e a conclusão.<br />
O silogismo, segundo <strong>de</strong>finem os dicionaristas, é uma <strong>de</strong>dução formal tal que, postas duas proposições<br />
chamadas premissas, <strong>de</strong>las se tira uma terceira, nelas logicamente implícita, chamada conclusão.<br />
Embora Aristósteles ensinasse a eternida<strong>de</strong> do mundo e negasse a imortalida<strong>de</strong> pessoal, possuía em<br />
sua filosofia alguns pontos em comum com a teologia do catolicismo romano medieval. Tomás <strong>de</strong> Aquino<br />
modificou os conceitos aristotélicos acima referidos e adotou em sua teologia os seguintes pontos do<br />
gran<strong>de</strong> pensador grego:<br />
A doutrina <strong>de</strong> substância e aci<strong>de</strong>nte;<br />
A teoria hilomórfica, ou seja, doutrina que <strong>de</strong>fine a essência dos corpos como resultado da união <strong>de</strong><br />
dois princípios, chamados respectivamente <strong>de</strong> matéria e forma;<br />
A distinção entre ato e potência, essência e existência;<br />
A alma é a forma do corpo.<br />
Para provar a existência <strong>de</strong> Deus, Tomás <strong>de</strong> Aquino não parte da idéia <strong>de</strong> Deus, mas dos efeitos por<br />
Ele produzidos, formulando <strong>de</strong>sta maneira os seus famosos cinco argumentos, que são:<br />
O movimento existe e é uma evidência para os nossos sentidos; ora, tudo o que se move é movido por<br />
outro motor; se esse motor, por sua vez, é movido, precisará <strong>de</strong> um motor que o mova, e, assim,<br />
in<strong>de</strong>finidamente, o que é impossível, se não houver um primeiro motor imóvel, que move sem ser<br />
movido, que é Deus;<br />
Há uma série <strong>de</strong> causas eficientes, causas e efeitos, ao mesmo tempo; ora, não é possível remontar<br />
in<strong>de</strong>finidamente na série das causas; logo, há uma causa primeira, não causada, que é Deus;<br />
Todos os seres que conhecemos são finitos e contingentes, pois não têm em si próprios a razão <strong>de</strong> sua<br />
existência, são e <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser; ora, se são todos contingentes, em <strong>de</strong>terminado tempo <strong>de</strong>ixariam todos <strong>de</strong><br />
ser e nada existiria, o que é absurdo. Logo, os seres contingentes implicam o ser necessário, ou Deus;<br />
Os seres finitos realizam todos os <strong>de</strong>terminados graus <strong>de</strong> perfeição, mas nenhum é a perfeição