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Teologia Contemporanea - Abraao de Almeida

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A CRÍTICA DO CONHECIMENTO<br />

Embora tivessem os filósofos da Antigüida<strong>de</strong> e da Ida<strong>de</strong> Média se ocupado com os problemas do<br />

conhecimento, a crítica do conhecimento, como disciplina autônoma, só surgiu <strong>de</strong> fato na Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna,<br />

tendo Kant como o seu principal sistematizador.<br />

A crítica do conhecimento, ao procurar <strong>de</strong>terminar a natureza, os limites e as possibilida<strong>de</strong>s do<br />

conhecimento, procura saber, em primeiro lugar, se somos capazes <strong>de</strong> conhecer a verda<strong>de</strong>, e, em segundo<br />

lugar, qual a extensão <strong>de</strong>sse conhecimento.<br />

Ao longo da história, percebemos que o homem sempre tem buscado resolver a questão do<br />

conhecimento da verda<strong>de</strong>, valendo-se <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas quatro doutrinas: o dogmatismo, o ceticismo, o<br />

probalismo e o pragmatismo.<br />

O dogmatismo afirma que a verda<strong>de</strong> existe e que po<strong>de</strong>mos conhecêla. É uma doutrina <strong>de</strong> realismo e <strong>de</strong><br />

bom senso que a razão e a experiência confirmam. O ceticismo afirma que não po<strong>de</strong>mos ter certeza <strong>de</strong><br />

coisa alguma, e que a única atitu<strong>de</strong> do espírito <strong>de</strong>ve ser a dúvida universal.<br />

O probalismo afirma que só po<strong>de</strong>mos atingir a verossimilhança, mas nunca a verda<strong>de</strong>, uma vez que os<br />

nossos juízos são apenas prováveis, mas nunca certos. O pragmatismo afirma que não cabe à inteligência<br />

conhecer as coisas, e sim nos mostrar a utilida<strong>de</strong> das mesmas. Assim, a verda<strong>de</strong> se caracterizaria pela<br />

utilida<strong>de</strong> ou pela eficácia que possa ter para a ação.<br />

De todas essas doutrinas, a única filosoficamente aceitável é a do dogmatismo mo<strong>de</strong>rno, que admite<br />

certa relativida<strong>de</strong> na aquisição da certeza.<br />

Quanto ao problema do âmbito do conhecimento, há três doutrinas que buscam a sua elucidação: o<br />

sensualismo ou empirismo, o i<strong>de</strong>alismo e o racionalismo.<br />

O sensualismo aceita que todas as nossas idéias provêm unicamente dos nossos sentidos. O i<strong>de</strong>alismo<br />

admite que só po<strong>de</strong>mos atingir as idéias, uma vez que o mundo não passa <strong>de</strong> uma simples representação<br />

<strong>de</strong> idéias. Já o realismo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a realida<strong>de</strong> do mundo exterior e admite a existência do objeto como<br />

sendo distinto do sujeito. Para os realistas, a razão, a expressão e o senso comum atestam a veracida<strong>de</strong><br />

da sua tese.<br />

Exame crítico<br />

Concordo com Kant quando afirma que o conhecimento <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s metafísicas, como Deus, alma,<br />

etc., não é possível no nível da pura razão. Se todo conhecimento não passa <strong>de</strong> uma síntese dos dados<br />

fornecidos pelos sentidos, é fácil perceber que esse caminho não basta, necessariamente, para levar o<br />

homem a Deus.<br />

É claro que a contemplação da natureza contribui parcialmente para o conhecimento <strong>de</strong> Deus, como<br />

<strong>de</strong>claram tanto Davi, no Salmo 19, como Paulo, em Romanos 1.20: “Os céus <strong>de</strong>claram a glória <strong>de</strong> Deus;<br />

o firmamento proclama a obra das suas mãos”. “Pois os atributos invisíveis <strong>de</strong> Deus, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação do<br />

mundo, tanto o seu eterno po<strong>de</strong>r, como a sua divinda<strong>de</strong>, se enten<strong>de</strong>m, e claramente se vêem pelas coisas<br />

que foram criadas, <strong>de</strong> modo que eles são inescusáveis”.<br />

Ao contemplar as obras <strong>de</strong> Deus, o homem po<strong>de</strong> perceber, mediante o uso da razão e do bom senso, a<br />

diferença entre as coisas criadas e o Criador, o que <strong>de</strong>ve preveni-lo para não cair na cega idolatria.<br />

Embora insuficientes para revelar o Criador, o universo físico e visível é uma prova da sabedoria, do<br />

po<strong>de</strong>r, da glória e das leis <strong>de</strong>sse Deus Criador. Por isso Davi, no referido Salmo 19, mostra a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa revelação ser complementada pelas Escrituras (vv. 7-11) e pela experiência da alma<br />

em comunhão íntima com Deus (vv. 12-14).

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