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A CRÍTICA DO CONHECIMENTO<br />
Embora tivessem os filósofos da Antigüida<strong>de</strong> e da Ida<strong>de</strong> Média se ocupado com os problemas do<br />
conhecimento, a crítica do conhecimento, como disciplina autônoma, só surgiu <strong>de</strong> fato na Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna,<br />
tendo Kant como o seu principal sistematizador.<br />
A crítica do conhecimento, ao procurar <strong>de</strong>terminar a natureza, os limites e as possibilida<strong>de</strong>s do<br />
conhecimento, procura saber, em primeiro lugar, se somos capazes <strong>de</strong> conhecer a verda<strong>de</strong>, e, em segundo<br />
lugar, qual a extensão <strong>de</strong>sse conhecimento.<br />
Ao longo da história, percebemos que o homem sempre tem buscado resolver a questão do<br />
conhecimento da verda<strong>de</strong>, valendo-se <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas quatro doutrinas: o dogmatismo, o ceticismo, o<br />
probalismo e o pragmatismo.<br />
O dogmatismo afirma que a verda<strong>de</strong> existe e que po<strong>de</strong>mos conhecêla. É uma doutrina <strong>de</strong> realismo e <strong>de</strong><br />
bom senso que a razão e a experiência confirmam. O ceticismo afirma que não po<strong>de</strong>mos ter certeza <strong>de</strong><br />
coisa alguma, e que a única atitu<strong>de</strong> do espírito <strong>de</strong>ve ser a dúvida universal.<br />
O probalismo afirma que só po<strong>de</strong>mos atingir a verossimilhança, mas nunca a verda<strong>de</strong>, uma vez que os<br />
nossos juízos são apenas prováveis, mas nunca certos. O pragmatismo afirma que não cabe à inteligência<br />
conhecer as coisas, e sim nos mostrar a utilida<strong>de</strong> das mesmas. Assim, a verda<strong>de</strong> se caracterizaria pela<br />
utilida<strong>de</strong> ou pela eficácia que possa ter para a ação.<br />
De todas essas doutrinas, a única filosoficamente aceitável é a do dogmatismo mo<strong>de</strong>rno, que admite<br />
certa relativida<strong>de</strong> na aquisição da certeza.<br />
Quanto ao problema do âmbito do conhecimento, há três doutrinas que buscam a sua elucidação: o<br />
sensualismo ou empirismo, o i<strong>de</strong>alismo e o racionalismo.<br />
O sensualismo aceita que todas as nossas idéias provêm unicamente dos nossos sentidos. O i<strong>de</strong>alismo<br />
admite que só po<strong>de</strong>mos atingir as idéias, uma vez que o mundo não passa <strong>de</strong> uma simples representação<br />
<strong>de</strong> idéias. Já o realismo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a realida<strong>de</strong> do mundo exterior e admite a existência do objeto como<br />
sendo distinto do sujeito. Para os realistas, a razão, a expressão e o senso comum atestam a veracida<strong>de</strong><br />
da sua tese.<br />
Exame crítico<br />
Concordo com Kant quando afirma que o conhecimento <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s metafísicas, como Deus, alma,<br />
etc., não é possível no nível da pura razão. Se todo conhecimento não passa <strong>de</strong> uma síntese dos dados<br />
fornecidos pelos sentidos, é fácil perceber que esse caminho não basta, necessariamente, para levar o<br />
homem a Deus.<br />
É claro que a contemplação da natureza contribui parcialmente para o conhecimento <strong>de</strong> Deus, como<br />
<strong>de</strong>claram tanto Davi, no Salmo 19, como Paulo, em Romanos 1.20: “Os céus <strong>de</strong>claram a glória <strong>de</strong> Deus;<br />
o firmamento proclama a obra das suas mãos”. “Pois os atributos invisíveis <strong>de</strong> Deus, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação do<br />
mundo, tanto o seu eterno po<strong>de</strong>r, como a sua divinda<strong>de</strong>, se enten<strong>de</strong>m, e claramente se vêem pelas coisas<br />
que foram criadas, <strong>de</strong> modo que eles são inescusáveis”.<br />
Ao contemplar as obras <strong>de</strong> Deus, o homem po<strong>de</strong> perceber, mediante o uso da razão e do bom senso, a<br />
diferença entre as coisas criadas e o Criador, o que <strong>de</strong>ve preveni-lo para não cair na cega idolatria.<br />
Embora insuficientes para revelar o Criador, o universo físico e visível é uma prova da sabedoria, do<br />
po<strong>de</strong>r, da glória e das leis <strong>de</strong>sse Deus Criador. Por isso Davi, no referido Salmo 19, mostra a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa revelação ser complementada pelas Escrituras (vv. 7-11) e pela experiência da alma<br />
em comunhão íntima com Deus (vv. 12-14).