You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
AS CAUSAS DA POBREZA<br />
Os teólogos liberacionistas, que recorrem aos sociólogos e não à Bíblia para <strong>de</strong>scobrirem as raízes da<br />
opressão, afirmam que esta resulta <strong>de</strong> injustas estruturas sociais, como as que vigoram hoje em toda a<br />
América Latina, e por isso a pobreza é, em si mesma, um pecado.<br />
Assumindo tal postura, a teologia da libertação rejeita as explicações empirista e funcionalista como<br />
causas da pobreza, ou seja, pobreza como vício e como atraso, e acata a explicação dialética: pobreza<br />
como opressão. Partindo, assim, da análise do contexto sócio-econômico dos pobres, os liberacionistas<br />
estimulam esses pobres, como vítimas dos sistemas opressores, a se organizarem e mudarem a sua<br />
condição social.<br />
Nesse ponto, segundo escreveu Dom Boaventura Kloppenburg, bispo <strong>de</strong> Novo Hamburgo, esses<br />
teólogos “se encontram com os marxistas. Mas não lhes têm medo, cuidando po<strong>de</strong>r digerir bem o<br />
marxismo à luz <strong>de</strong>stas três normas: a) Na teologia da libertação, o marxismo é tratado sempre a partir e<br />
em função dos pobres. b) Por isso, usa o marxismo <strong>de</strong> modo puramente instrumental, aproveitando <strong>de</strong><br />
modo livre algumas indicações metodológicas (isto é, a análise marxista da história e da socieda<strong>de</strong><br />
capitalista). c) Marx não é guia, mas po<strong>de</strong> ser companheiro <strong>de</strong> caminhada”. 117<br />
É claro que a pobreza po<strong>de</strong> advir do vício, do atraso e da opressão. No caso, por exemplo, da pobreza<br />
como vício, a Bíblia ensina com clareza que os nossos problemas sociais resultam, quase sempre, das<br />
nossas próprias ações pecaminosas, das <strong>de</strong>cisões erradas que tomamos na vida, ou do mal uso e abuso<br />
que fazemos das liberda<strong>de</strong>s e oportunida<strong>de</strong>s que recebemos da parte <strong>de</strong> Deus.<br />
A Bíblia apresenta, como causas da pobreza, a preguiça (Pv 6.6-11), a exagerada busca do lazer e do<br />
prazer (Pv 21.21), a inveja (Sl 85.68), a poligamia, o adultério, a prostituição, a avareza (Pv 28.22), os<br />
vícios e as extravagâncias (Pv 20.13; 23.21), a escravidão e a apostasia religiosa, sendo esta última uma<br />
das principais razões da pobreza, da injustiça e da miséria social na história humana.<br />
Nenhuma nação cuja força religiosa é a idolatria ou a feitiçaria livrouse da miséria econômica e<br />
moral. Se Deus está atento ao comportamento <strong>de</strong> povos e nações, e os julga já em nossos dias, como<br />
acreditamos que esteja, então <strong>de</strong>vemos encarar a pobreza e outras <strong>de</strong>sgraças também à luz do texto<br />
bíblico: “Filho do homem, se um país pecar contra mim, cometendo uma infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, esten<strong>de</strong>rei a mão<br />
contra ele e lhe cortarei os suprimentos <strong>de</strong> pão, enviarei a fome e extirparei homens e animais” (Ez<br />
14.13, Círculo do Livro).<br />
A pobreza como atraso, embora tenha como fonte principal sistemas sociais injustos, po<strong>de</strong>, em gran<strong>de</strong><br />
parte, ser <strong>de</strong>bitada ao mau uso das oportunida<strong>de</strong>s que a vida oferece. Há muitos exemplos <strong>de</strong> estudantes<br />
pobres que chegaram ao doutorado e melhoraram tanto a sua própria condição sócio-econômica como a<br />
da sua família, graças ao incentivo que os países livres — inclusive o Brasil e outros do continente<br />
latino-americano — dão aos alunos mais aplicados aos estudos.<br />
Eu mesmo tenho mais <strong>de</strong> um bom exemplo na minha própria família: A Elaine, que cursou Psicologia<br />
na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense e fez outros cursos na mesma escola inteiramente por conta do<br />
Governo, e a Elaíse, que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer no Brasil o segundo grau, conclui seu quinto ano <strong>de</strong> estudo<br />
universitário nos Estados Unidos graças a bolsas fornecidas pelo Governo norte-americano.<br />
Há, ainda, a pobreza <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> calamida<strong>de</strong>s naturais, como as enchentes que quase anualmente<br />
assolam o Sul do Brasil e os países vizinhos, <strong>de</strong>ixando milhares <strong>de</strong> famílias ao relento e obrigando os<br />
governos a <strong>de</strong>sembolsar vultosas quantias no socorro às vítimas. Há as secas periódicas do Nor<strong>de</strong>ste<br />
brasileiro que levam os sertanejos a abandonar o sertão em busca da cida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>, empobrecendo ainda<br />
mais a periferia pobre <strong>de</strong>ssas cida<strong>de</strong>s.