07.11.2017 Views

Teologia Contemporanea - Abraao de Almeida

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O PLURALISMO MONÁDICO<br />

Leibniz (1646-1716), notável filósofo e matemático alemão que <strong>de</strong>scobriu, juntamente com Newton, o<br />

cálculo infinitesimal, <strong>de</strong>senvolveu a teoria do pluralismo baseada na mônada. A mônoda é unida<strong>de</strong> ou<br />

ente simples, imaterial, princípio último <strong>de</strong> uma coisa, substância e força representativa a refletir todo o<br />

universo.<br />

Essa teoria ultrapassa a teoria das idéias inatas <strong>de</strong> Descartes, porquanto as idéias, princípios<br />

racionais, são a inteligência refletindo o universo inteiro. Na teoria <strong>de</strong> Leibniz, o <strong>de</strong>senvolvimento ocorre<br />

através das mônodas mais simples, no grau inferior dos corpos inorgânicos, passando pelas plantas e<br />

animais, para chegar aos homens e, <strong>de</strong>ntre eles, aos <strong>de</strong> espírito superior.<br />

O pluralismo monádico <strong>de</strong> Leibniz, ou seja, os graus ou escalonamento, das mônadas, tendo por meta o<br />

completo aperfeiçoamento, encontra em Deus a mônada absolutamente perfeita, harmonia<br />

preestabelecida, causa suprema e criadora <strong>de</strong> todas as coisas, que imprime or<strong>de</strong>m no cosmos, existindo<br />

sempre nas mutações perpétuas.<br />

Esta explicação evolucionista leibniziana, <strong>de</strong> nítida influência eraclítica, conjuga-se com o raciocínio<br />

<strong>de</strong> Descartes. Afirma com Deus o princípio teológico da coor<strong>de</strong>nação e com as idéias inatas o princípio<br />

lógico da responsabilida<strong>de</strong>. Assim, pois, é <strong>de</strong> interesse dos homens escolher o bem ao invés do mal, uma<br />

vez que a condição para o bem-estar <strong>de</strong> todos ou bem comum vem a ser a realização do máximo <strong>de</strong> bem e<br />

anular um mínimo <strong>de</strong> mal.<br />

Em seu otimismo metafísico, que aceita um mínimo <strong>de</strong> mal, Leibniz explica ser a referida existência da<br />

malda<strong>de</strong> inseparável do mundo criado, possibilitando, pela vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, que seja contrabalançado e<br />

até mesmo anulado pelo bem moral da liberda<strong>de</strong>, necessário à responsabilida<strong>de</strong>, que conduz à virtu<strong>de</strong> e<br />

ao mérito.<br />

Ao i<strong>de</strong>ntificar a sabedoria e a virtu<strong>de</strong> com a felicida<strong>de</strong>, Leibniz passa <strong>de</strong> sua filosofia moral para uma<br />

filosofia jurídica, distinguindo, no mundo ético, três categorias <strong>de</strong> bem: Deus, a Humanida<strong>de</strong> e o Estado,<br />

respectivamente consi<strong>de</strong>rados Justiça universal, Justiça distributiva e Justiça comutativa,<br />

correspon<strong>de</strong>ndo, cada um <strong>de</strong>sses graus, a cada um dos três preceitos do Direito Romano: Honeste vivere<br />

(viver honestamente), jus suum tribuere (dar a cada um o que é seu) e alterum non lae<strong>de</strong>re (não<br />

prejudicar a ninguém).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!