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O CAMINHO LIBERACIONISTA<br />
Diante <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> da opressão, como lutar contra ela? O teólogo Rubens Alves afirma que o caminho<br />
da libertação “é o processo pelo qual os oprimidos, partindo <strong>de</strong> sua própria condição cultural, e<br />
aceitando-a como verda<strong>de</strong>iramente expressiva <strong>de</strong> suas dores e aspirações, se lançam na transformação do<br />
mundo. O problema dos pobres não será resolvido enquanto os ricos não se <strong>de</strong>cidirem a dar-lhes uma<br />
fatia maior do bolo”. 150<br />
Leonardo Boff, por sua vez, afirma que o caminho da libertação <strong>de</strong>ve incluir o alargamento do nível <strong>de</strong><br />
consciência dos pobres “acerca da realida<strong>de</strong> sobre a qual sofrem; criação <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s eclesiais <strong>de</strong><br />
base, on<strong>de</strong> se dá a união entre Evangelho e vida, oração e compromisso, conscientização dos problemas<br />
e iluminação <strong>de</strong>les à luz da fé, da doutrina da Igreja e da reflexão dos teólogos; incentivo à criação <strong>de</strong><br />
todo tipo <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> reflexão e <strong>de</strong> ação; apoio aos organismos populares nos quais os próprios pobres<br />
assumem a reflexão, usam da palavra e organizam sua prática solidária, impondo limites às estratégias da<br />
dominação e dando passos <strong>de</strong> libertação rumo a uma socieda<strong>de</strong> mais participada e justa. Tais práticas,<br />
para a fé, produzem bens do Reino”. 151<br />
O PROBLEMA DOS POBRES NÃO SERÁ RESOLVIDO ENQUANTO OS RICOS NÃO<br />
SE DECIDIREM A DAR LHES UMA FATIA MAIOR DO BOLO.<br />
Gutierrez chega a afirmar que “negar o fato da luta <strong>de</strong> classes é, na realida<strong>de</strong>, tomar partido em favor<br />
dos setores dominantes. Impossível a neutralida<strong>de</strong> nesta matéria”. E mais adiante: “Quando a Igreja<br />
rejeita a luta <strong>de</strong> classes, está proce<strong>de</strong>ndo objetivamente como peça do sistema imperante: este, com<br />
efeito, preten<strong>de</strong> perpetuar, negando sua existência, a situação <strong>de</strong> divisão social em que se baseiam os<br />
privilégios <strong>de</strong> seus usufrutuários. É uma opção classista, enganosamente encoberta com a pretensa<br />
igualda<strong>de</strong> perante a lei”. 152<br />
Araya vê a opressão como culto idólatra cujos <strong>de</strong>uses <strong>de</strong>sumanizam os homens, empobrece-os e os<br />
matam. Afirma ele: “Quando as forças da morte estão livres para assassinar, quando a vida é ignorada ou<br />
cruelmente massacrada, os <strong>de</strong>uses falsos da morte estão no po<strong>de</strong>r. Essas falsas divinda<strong>de</strong>s da morte<br />
po<strong>de</strong>m explicitar-se religiosa ou secularmente como ‘a proprieda<strong>de</strong> privada’, ‘a riqueza’, ‘o<br />
consumismo’, ‘a segurança nacio-nal’.” 153<br />
Como se percebe, não há nesses pronunciamentos, nem no contexto da teologia da libertação, a<br />
necessida<strong>de</strong> da expiação, do po<strong>de</strong>r do sangue <strong>de</strong> Jesus, do arrependimento e da confissão e do abandono<br />
do pecado, <strong>de</strong> genuína conversão, <strong>de</strong> profunda mudança interior, <strong>de</strong> nova vida em Cristo, <strong>de</strong> leitura da<br />
Palavra <strong>de</strong> Deus, <strong>de</strong> fruto do Espírito. A mensagem dos liberacionistas não leva em conta os fundamentos<br />
bíblicos da verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong>: “E conhecereis a verda<strong>de</strong>, e a verda<strong>de</strong> vos libertará. Se, pois, o Filho<br />
vos libertar, verda<strong>de</strong>iramente sereis livres” (Jo 8.32,36).<br />
Esse tipo <strong>de</strong> libertação, que não po<strong>de</strong> ser o preconizado pela Escritura Sagrada, porventura<br />
solucionaria os problemas básicos do povo latinoamericano e <strong>de</strong> outros povos pobres <strong>de</strong> nosso mundo?