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Teologia Contemporanea - Abraao de Almeida

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ORIGEM ECUMÊNICA<br />

Especialmente do lado protestante, a teologia da libertação possui raízes no Conselho Mundial <strong>de</strong><br />

Igrejas (CMI), instituído em 1948, em Amsterdã, e que hoje representa cerca <strong>de</strong> 400 milhões <strong>de</strong> membros<br />

<strong>de</strong> aproximadamente 300 grupos religiosos <strong>de</strong> todas as partes do mundo.<br />

Des<strong>de</strong> o seu início, o CMI se preocupou mais com o conceito pluralista da união da igreja e com<br />

problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social do que com o que a Bíblia tem a dizer sobre união ou unida<strong>de</strong> cristã. Movido<br />

por essa preocupação com a justiça social, o CMI, sob o disfarce <strong>de</strong> direitos humanos,<br />

ainda na década <strong>de</strong> 1950 começou a se i<strong>de</strong>ntificar com os movimentos <strong>de</strong> libertação em todo o mundo.<br />

No continente sul-americano esses encontros foram promovidos pela Igreja e Socieda<strong>de</strong> na América<br />

Latina, ISAL, sob a li<strong>de</strong>rança dos teólogos pró-marxistas Richard Shaull e Emílio Castro.<br />

Em l966, o CMI patrocinou um Congresso <strong>de</strong> Igreja e Socieda<strong>de</strong> em Genebra, na Suíça, ocasião em<br />

que Richard Shaull justificou o uso da violência como “último recurso para <strong>de</strong>struir os assim chamados<br />

sistemas capitalistas ‘opressivos’.” 63 O nome que nesse tempo se dava à teologia ecumênica era teologia<br />

da revolução, mais tar<strong>de</strong> transformada em teologia da libertação.<br />

Um pouco antes, em 1961, na Terceira Assembléia Geral do CMI realizada em Nova Délhi, na Índia<br />

— quando a Igreja Ortodoxa foi oficialmente recebida como membro da entida<strong>de</strong> — a ênfase <strong>de</strong>ssa<br />

organização ecumênica, até então posta no “texto”, transferiu-se para o “contexto religioso”, <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

originou a contextualização do cristianismo com as outras religiões.<br />

A partir <strong>de</strong> 1967, nova alteração ocorreria na ênfase teológica do CMI, que passou do “contexto<br />

religioso” para o “contexto sóciopolítico” nas assembléias gerais realizadas em 1968 (Uppsala), 1973<br />

(Bangcoc), 1975 (Nairóbi), 1980 (Melbourne) e 1983 (Vancouver). O tema <strong>de</strong>sse último Congresso,<br />

Jesus Cristo — a Vida do Mundo, muito sugestivo, foi cuidadosamente escolhido com o propósito <strong>de</strong><br />

favorecer a apresentação <strong>de</strong> um pre<strong>de</strong>terminado programa <strong>de</strong> temas sociológicos, políticos, científicos,<br />

ecológicos, antimilitares e marxistas — tudo que diga respeito “ao mundo presente, secular e terrestre,<br />

com as suas perspectivas puramente horizontais”. 64<br />

É interessante, também, notar que as mesmas igrejas protestantes, que criaram o Conselho Mundial <strong>de</strong><br />

Igrejas através das suas cúpulas internacionais, criaram também, na década <strong>de</strong> 1980, o Conselho Latino-<br />

Americano <strong>de</strong> Igrejas (CLAI) e o Conselho Nacional <strong>de</strong> Igrejas Cristãs (CONIC), este último no Brasil.<br />

Na abertura do CLAI, em Huampani, Peru, foi um dos principais conferencistas o bispo José Miguez<br />

Bonino, presi<strong>de</strong>nte do Seminário Metodista <strong>de</strong> Buenos Aires e um dos seis presi<strong>de</strong>ntes do CMI.<br />

Tendo como ponto <strong>de</strong> partida essas raízes, analisaremos, no capítulo seguinte, o caráter e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do movimento liberacionista <strong>de</strong>ntro da sua perspectiva marxista.<br />

PERGUNTAS PARA REVISÃO<br />

1. I<strong>de</strong>ntifique as raízes da teologia da libertação.<br />

2. Como os liberacionistas vêem a Escritura Sagrada?<br />

3. O que herdaram os liberacionistas do liberalismo teológico?<br />

4. De acordo com o pensamento liberacionista, como é feita a interpretação da<br />

Bíblia?

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