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Teologia Contemporanea - Abraao de Almeida

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O IDEALISMO ALEMÃO<br />

Emanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão, constitui um marco na história do pensamento<br />

contemporâneo. Homem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> erudição, conforme seria <strong>de</strong> esperar, Kant estudava muito. Champlin e<br />

Bentes escrevem acerca <strong>de</strong>le:<br />

Despertava às cinco da madrugada e estudava durante duas horas; dava duas horas <strong>de</strong><br />

preleção e retornava aos seus estudos até uma hora da tar<strong>de</strong>. Comia com freqüência em<br />

restaurantes, trocando freqüentemente <strong>de</strong> restaurante para não ser alvo <strong>de</strong> olhares curiosos.<br />

Uma parte <strong>de</strong> cada tar<strong>de</strong> era passada no preparo <strong>de</strong> suas preleções. Recolhia-se ao leito às<br />

nove ou <strong>de</strong>z da noite. Seu criado, que o serviu durante toda a vida, afirmou que, em trinta<br />

anos, nunca Kant <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> acordar às cinco horas da madrugada. A cada manhã ele fazia<br />

uma caminhada, no que ele se mostrava tão regular que as pessoas eram capazes <strong>de</strong> acertar<br />

seus relógios conforme o momento em que ele passava diante <strong>de</strong> suas casas. 5<br />

A filosofia kantiana, consi<strong>de</strong>rada na confluência do racionalismo, do empirismo inglês e da físicomatemática<br />

<strong>de</strong> Newton, influenciou muitíssimo a mo<strong>de</strong>rna filosofia alemã. Segundo Hegel, a força com<br />

que frutificou só po<strong>de</strong> ser comparada ao pensamento <strong>de</strong> Sócrates na história da filosofia grega. Dentro <strong>de</strong><br />

apenas 12 anos após a publicação, em 1781, <strong>de</strong> sua obra Crítica da Razão Pura, mais <strong>de</strong> duzentos livros<br />

foram escritos sobre a Filosofia.<br />

Eis aqui os principais conceitos <strong>de</strong> Kant acerca <strong>de</strong> Deus, do homem, da razão e da religião:<br />

Não mais razão e revelação (duas fontes); mas fé e conhecimento (duas relações ao mundo);<br />

A fé são convicções subjetivas;<br />

Reduz as várias provas da existência <strong>de</strong> Deus (teologia, cosmologia) à ontologia, parte da metafísica<br />

que estuda o ser em geral e suas proprieda<strong>de</strong>s transcen<strong>de</strong>ntais;<br />

A religião é moralida<strong>de</strong> em relação a Deus; o <strong>de</strong>ver é um mandamento divino;<br />

O conceito da suprema bonda<strong>de</strong> é concebido apenas sob o conceito <strong>de</strong> Deus, que é a base do mundo e<br />

do ser humano;<br />

Contradição fundamental no homem: embora orientado para o bem, tem <strong>de</strong> fato uma inclinação para o<br />

mal.<br />

A experiência <strong>de</strong>terminante, segundo Kant, serve para provar a existência <strong>de</strong> Deus, pelo fato <strong>de</strong><br />

vermos em toda parte sinais <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m e propósito realizados com gran<strong>de</strong> sabedoria. Uma vez que estes<br />

elementos são estranhos ao mundo, surge uma causa inteligente, um ato supremo. Escreve o filósofo:<br />

A causa suprema da natureza, enquanto for ela um pressuposto para o sumo bem, é um ser<br />

que, por razão e vonta<strong>de</strong>, constitui a causa (conseqüentemente, é o autor) da natureza, isto<br />

é, Deus. Por conseguinte, o postulado da possibilida<strong>de</strong> do sumo bem <strong>de</strong>rivado (um mundo<br />

ótimo) é ao mesmo tempo o postulado da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sumo bem originário, isto é, da<br />

existência <strong>de</strong> Deus. Constituía um <strong>de</strong>ver imposto a nós mesmos fomentar sumo bem; por isso,<br />

não só era um direito mas também uma necessida<strong>de</strong> arraigada ao <strong>de</strong>ver, como exigência,<br />

pressupor a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste supremo bem, o qual, ocorrendo apenas sob a condição da<br />

existência <strong>de</strong> Deus, congloba inseparavelmente a suposição do mesmo para com o <strong>de</strong>ver, isto<br />

é, torna-se moralmente necessário admitir a existência <strong>de</strong> Deus. 6

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