07.11.2017 Views

Teologia Contemporanea - Abraao de Almeida

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O RACIONALISMO<br />

A partir do Renascimento, a Filosofia per<strong>de</strong> cada vez mais sua unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientação, assumindo<br />

características <strong>de</strong> combate à <strong>Teologia</strong>, e <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas e doutrinas.<br />

A filosofia mo<strong>de</strong>rna apresenta, em sua evolução, três períodos: filosofia anterior a Kant; filosofia <strong>de</strong><br />

Kant, e filosofia posterior a Kant.<br />

Duas correntes dominam o período anterior a Kant: a <strong>de</strong> Descartes e a <strong>de</strong> Bacon. Descartes,<br />

racionalista, preten<strong>de</strong>u reconstruir a Filosofia, partindo da dúvida universal e utilizando o método<br />

<strong>de</strong>dutivo. Bacon, empirista, baseando-se na experiência externa, aconselhou o método indutivo como<br />

único meio para o conhecimento da realida<strong>de</strong> e progresso da ciência.<br />

René Descartes (1569-1650), filósofo e matemático francês, latinizado Renatus Cartesius, tendo como<br />

ponto <strong>de</strong> partida a universida<strong>de</strong> da razão, i<strong>de</strong>ntifica duas faculda<strong>de</strong>s no intelecto: a intuição e a <strong>de</strong>dução.<br />

Através da primeira, po<strong>de</strong>mos ter idéias claras, <strong>de</strong>terminadas, distintas, simples e precisas; por<br />

intermédio da segunda, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scobrir conjuntos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s or<strong>de</strong>nadas racionalmente. Ao afirmar:<br />

“tudo o que percebo muito claro e distintamente é verda<strong>de</strong>iro”, consi<strong>de</strong>rou a verda<strong>de</strong> um atributo da<br />

razão.<br />

Em sua obra Discurso do Método, afirma Descartes:<br />

Como existem homens que se <strong>de</strong>ixam iludir em seus raciocínios e incorrem em paralogismos,<br />

ainda quando se trata da mais elementar noção <strong>de</strong> geometria, e acreditando-me também eu<br />

tão sujeito a erros como os outros, rejeitei como sendo falsas todas as razões que<br />

anteriormente tomara por <strong>de</strong>monstrações. Por fim, tendo em conta que os mesmos<br />

pensamentos que temos quando estamos acordados po<strong>de</strong>m ocorrer-nos quando dormimos,<br />

sem que exista então um só que seja verda<strong>de</strong>iro, tomei a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> fingir que todas as<br />

coisas que antes me entraram na mente não eram mais reais do que as ilusões dos meus<br />

sonhos. Mas, logo <strong>de</strong>pois, observei que, enquanto eu <strong>de</strong>sejava consi<strong>de</strong>rar assim tudo como<br />

sendo falso, era obrigatório que eu, ao pensar, fosse alguma coisa. Percebi, então, que a<br />

verda<strong>de</strong> penso, logo existo era tão sólida e tão exata que sequer as mais extravagantes<br />

suposições dos céticos conseguiram abalá-la. E, assim crendo, concluí que não <strong>de</strong>veria ter<br />

escrúpulo em aceitá-la como sendo o primeiro princípio da filosofia que eu procurava. 4

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!